O Anticristo e Sua Identificação Nas Escrituras Sagradas

Questões Bíblicas – Perguntas e Respostas (Parte XI)

PERGUNTA: Quem é o anticristo?

RESPOSTA:

Por muitos séculos tem-se especulado a respeito da identidade do anticristo. Em sentido genérico e etimológico é todo aquele que se opõe a Cristo. Esta palavra significa “contra Cristo”. Tomando-se como base essa conceituação, o anticristo teria que exercer suas atividades abrangendo toda a era messiânica, desde o nascimento de Cristo até os últimos anos, antes do juízo final.

Apesar de haver muitos esforços por parte da teologia cristã de associar o anticristo a uma pessoa ou a uma organização religiosa específica, tudo indica que as declarações inspiradas do apóstolo João a esse respeito mostram que o termo é verdadeiramente amplo na sua aplicação. Por isso faz-se necessário realizar um estudo não superficial, mas deveras profundo à luz das Escrituras Sagradas.

A palavra “anticristo” apresenta-se na Palavra de Deus tanto no singular como no plural nas duas das epístolas de João:

“Filhinhos, esta é a última hora; e, conforme ouvistes que vem o anticristo, já muitos anticristos se têm levantado; por onde conheceremos que é a última hora. Saíram dentre nós, mas não eram dos nossos; porque, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; mas todos eles saíram para que se manifestasse que não são dos nossos.” I João 2:18 e 19.

“Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse mesmo é o anticristo, esse que nega o Pai e o Filho.” I João 2:22.

“E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que havia de vir; e agora já está no mundo.” I João 4:3.

“Porque já muitos enganadores saíram pelo mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Tal é o enganador e o anticristo.” II João 7.

Há várias questões a serem analisadas, com base nos textos bíblicos apresentados:

1) O texto de I João 2:18 e 19 torna claro que os anticristos já existiam na época do apóstolo João, identificados como sendo aqueles que abandonaram a fé genuína e consequentemente não mais permaneceram unidos aos demais que seguiam os ensinos de Cristo. Jesus, durante o seu ministério, embora não tendo usado o termo “anticristo”, porém, já havia alertado anteriormente aos seus discípulos a respeito de uma situação bem similar, ao declarar que “quem não está do meu lado é contra mim, e quem comigo não ajunta, espalha.” Lucas 11:23.

2) Muito significativo é o texto de I João 2:22 ao mencionar que “o anticristo nega o Pai e o Filho”. O cristianismo romano ao oficializar a doutrina da trindade através os concílios de Nicéia (325 dC), Constantinopla (381 dC) e de Calcedônia (451 dC), inquestionavelmente destruiu essa relação de Pai e Filho. Segundo essa falsa crença, sendo Jesus “Deus” em toda a sua substância, ou seja, sendo ele imortal, eterno, onipresente, onisciente e onipresente, não há como dizer que o Messias seja literalmente Filho unigênito de Deus. Mesmo porque não há como encaixar o ensino bíblico que o Filho tenha sido gerado pelo Pai.

No concílio de Constantinopla em 381 dC, quando oficializou-se a doutrina da trindade, ocorreram muitas discussões em torno do assunto desta relação de Deus Pai e de Seu único Filho Jesus. O argumento dos que eram contrários à oficialização dessa falsa doutrina era o seguinte: Se o Pai gerou o Filho, aquele que foi gerado teve necessariamente um começo de existência, portanto, segundo eles, é evidente que houve um tempo em que o Filho não existia. Assim, se o Filho não existia antes de ser gerado pelo Pai, ele não poderia ser chamado de “Deus Filho” ou “Filho Eterno”. Aliás, estas expressões não existem nas Escrituras Sagradas, o que evidencia as ações enganadoras do anticristo. Jesus não pode ser chamado de “Deus Filho” e nem de “Filho Eterno” porque, de acordo com a Palavra de Deus, ele teve começo:

“Vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou o Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei.” Gálatas 4:4.

Se o Filho de Deus foi gerado na plenitude dos tempos, ou seja, quando se completou o tempo designado por Deus, entende-se que ele não existia antes, nem como Deus e nem como anjo. O começo da existência de Jesus, como “Filho de Deus” foi no momento em que ele foi gerado no ventre de Maria (ver Lucas 1:35).



Para maiores detalhes, leia os seguintes temas:

- As duas naturezas de Cristo – o que diz a história?
- A plena humanidade de Cristo
- João 1:1 – A Palavra que criou os Céus e a Terra


3) Na primeira epístola escrita pelo apóstolo João, precisamente no contexto do capítulo quatro, é mencionado que o “anticristo” incluiria aqueles que são “falsos profetas” (ver I João 4:1), os quais, segundo as palavras de Jesus, fariam obras poderosas em seu nome e seriam classificados como praticantes da iniqüidade, ou seja, seriam obreiros que são contra a lei de Deus:

“Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. ...Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.” Mateus 7:15 e 21-23.

Em outra oportunidade Jesus disse aos seus discípulos: “Porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.” Mateus 24:24.

Evidentemente que neste contexto há de se incluir o homem do pecado, o filho da perdição, descrito pelo apóstolo Paulo em II Tessalonicenses 2:3-10. O mesmo personagem foi revelado pelo profeta Daniel, como sendo o “chifre pequeno” que tinha olhos como os de homem e uma boca que falava grandes coisas (ver Daniel 7:8, 20 e 21). A história confirma que essa autoridade religiosa mudou a lei de Deus e perseguiu brutalmente aqueles que mantiveram acesos os princípios inabaláveis das Sagradas Escrituras, enviando atrás deles as hordas sanguinárias, cujo evento ficou conhecido como a “santa inquisição”, ocorrido durante o período negro da história da humanidade.

Neste contexto inclui-se também a simbólica “Grande Babilônia”, mencionada em Apocalipse 17:5 (Leia o estudo Apocalipse 17 – A grande meretriz, a besta. os reis e os dez chifres).

Qual seria o principal ensino desses “anticristos” ou “falsos profetas”, tomando-se como base os textos de I João 4:3 e II João 7?

Observa-se que o apóstolo João dá extrema ênfase ao fato de que esses anticristos ou falsos profetas sairiam pelo mundo pregando a mensagem de que o Messias não veio em carne, isto é, que Jesus não era plenamente humano, mas 100% Deus e 100% homem. Segundo o ensinamento deles, Cristo não deixou de ser Deus, tampouco foi sua divindade reduzida ao nível da humanidade, mas consideram-no como DEUS HOMEM. Basicamente o ensino deles consiste em negar a perfeita humanidade de Cristo na Terra.

Para eles Jesus continuou sendo eterno, onipresente, onisciente e onipotente durante o seu ministério na Terra, como uma espécie de Super-Homem todo poderoso.

Quão diferente são os ensinos das Escrituras Sagradas.

Com base na Palavra de Deus, o Messias assumiu 100% a natureza humana. O apóstolo Paulo confirma esse entendimento ao comparar a natureza de Adão com a natureza de Jesus:

“Assim como por um HOMEM veio a morte, também por um HOMEM veio a ressurreição dos mortos.” I Coríntios 15:21.

“Também se, por meio da desobediência de um HOMEM, muitos foram feitos pecadores, da mesma forma, por meio da obediência de outro HOMEM, muitos serão feitos justos.” Romanos 5:19.

O anticristo nega que Jesus veio em carne ou que ele tenha vindo com uma natureza semelhante a qualquer ser humano. O apóstolo Paulo dá mais detalhes a esse respeito:

“Porquanto o que era impossível à lei, visto que se achava fraca pela carne, Deus, enviando a seu próprio Filho em semelhança da carne do pecado, e por causa do pecado, na carne condenou o pecado.” Romanos 8:3.

A expressão “carne do pecado”, utilizada pelo apóstolo Paulo, significa a decaída natureza humana. Jesus foi um homem de verdade. Não um homem pecador, mas um homem único. Ele era o “Filho de Deus” e não um super-homem e/ou um ser eterno, imortal, onisciente, onipotente, onipresente e todo poderoso, conforme é ensinado pelos que deturparam a verdade. As Sagradas Escrituras apresentam o Messias como um HOMEM, mesmo na atualidade:

“Porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus HOMEM.” I Timóteo 2:5.

O autor do livro aos Hebreus segue a mesma linha de raciocínio ao fazer várias declarações significativas que reforçam o ensino bíblico que o Messias não tinha a natureza imortal e eterna de Deus durante o seu ministério terrestre:

“Portanto, visto que os filhos são pessoas de carne e sangue, Ele (Cristo) também participou dessa condição humana... Por essa razão era necessário que Ele (Cristo) se tornasse semelhante à seus irmãos em todos os aspectos.” Hebreus 2:14-17.

Os dados apresentados são fundamentais para a perfeita identificação do anticristo. São considerados anticristos não apenas pessoas, mas também nações, corporações e organizações religiosas, que se dedicam a propagar mensagens contrárias aos ensinos de Cristo.

Todos os que compõem o anticristo serão julgados e condenados em retribuição ao seu proceder como opositores de Cristo.