O Messias e o sinal de Jonas

Jesus – O Prometido Messias (Parte V)

1. As duas experiências interligadas quanto ao elemento tempo

Há um incidente muito importante relatado nas Escrituras Sagradas ligado ao tema da salvação. Trata-se da história de Jonas e o grande peixe. Além de ser uma lição de obediência, o relato é uma ilustração ou tipo do Messias, quanto ao tempo de permanência do profeta dentro do grande peixe.

A maioria dos cristãos não relaciona a vida e a obra do Messias com a experiência de Jonas, quando este foi jogado ao mar de um barco agitado pela tempestade, para ser engolido por um grande peixe.

O fato de o Messias ter mencionado a experiência de Jonas em Sua pregação, é prova de que essa história foi verídica. Não foi um incidente casual. Foi tudo planejado por Deus e tornou-se fator de vital importância para elucidar o plano da salvação.

Caso não houvesse a história de Jonas e seu peixe captor, haveria grave dúvida sobre a veracidade da salvação para o homem, pois não haveria uma prova positiva para refutar o protesto de que o Messias da Bíblia era um impostor. As dúvidas sobre Sua verdadeira identidade já eram notórias durante o Seu ministério:

“Então alguns dos escribas e dos fariseus, tomando a palavra, disseram: Mestre, queremos ver da Tua parte algum sinal.” Mateus 12:38.

Embora O haviam visto fazer milagres, a pergunta deles deixa claro que eles duvidaram de que Ele fosse realmente o Messias esperado. Como resposta, Jesus disse a eles que não seria dado outro sinal além do de Jonas, para provar sua afirmação de ser o Messias:

“Mas Ele lhes respondeu: Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o do profeta Jonas; pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra.” Mateus 12:39-40.

Para aquela geração má e adúltera nenhum outro sinal seria dado por Jesus para provar a Sua verdadeira identidade. Por esta razão, parte do plano da salvação está contida nesta história. Se o Messias não permanecesse no túmulo o tempo exato especificado neste relato de Jonas, não seria o verdadeiro MESSIAS. Este é o elemento vital: o exato tempo, especificado pelas Escrituras Sagradas, concernentes à Sua morte e ressurreição.

Este ensinamento de Jesus introduz na mente de milhões de religiosos, uma pergunta difícil de responder: Como pode este sinal ser verdadeiro em Jesus?

Segundo a maioria dos segmentos religiosos, Jesus foi pendurado no madeiro na “sexta-feira santa”, posto no túmulo antes do pôr-do-sol deste mesmo dia e ressuscitou na manhã de domingo. Honestamente estamos diante de um grande problema. Se considerarmos correta essa teoria, Jesus não esteve no túmulo três dias e três noites. Assim, não poderia ter sido o verdadeiro Messias.

No entanto, o Messias especificou claramente em Mateus 12:39-40 que o único sinal que daria aos incrédulos escribas e fariseus para demonstrar que era o Messias, seriam Seus três dias e três noites sepultado no coração da terra, ou seja, o mesmo tempo que Jonas esteve dentro do grande peixe.

Haveria neste relato uma contradição ou há um modo de harmonizar este relato de Jesus, encontrado no evangelho de Mateus, com a revelação dos demais fatos ocorridos extraídos dos evangelhos de Marcos, Lucas e João?

Ao se fazer um cuidadoso exame nos relatos encontrados no Novo Testamento, verificamos que não há incompatibilidade, mas completa harmonia. Achar-se-á um esclarecimento definitivo, o qual mostra que Jesus era verdadeiramente o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João1:29). Além disso, um estudo deste assunto revelará evidência adicional da divina inspiração dos escritos sagrados, de que Deus é mui exato em tudo o que faz.

Em Jonas 1:17 lemos:

“Deparou o Senhor um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites no ventre do peixe.”

Isto esclarece que Jonas esteve verdadeiramente dentro ou sepultado no peixe três dias completos e três noites completas, o que é equivalente a 72 horas. Antes de acontecer isto, Jonas havia entrado num barco para fugir de seu dever, porém o tempo que permaneceu no navio não conta nos três dias e três noites que esteve dentro do peixe.

Da mesma forma, não podemos contar o tempo que o Messias esteve nas mãos dos judeus e dos romanos. Considera-se somente o tempo que esteve no túmulo, exatamente três dias e três noites.

Assim, embora os fatos tiveram um desdobramento diferente, havia, porém, nessas duas experiências uma semelhança num único detalhe, especificado por Jesus: “pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra.” Mateus 12:40.
Além disso, temos dois textos inseparáveis, Jonas 1:17 e Mateus 12:40, interligados pelo fator tempo, uma prova inequívoca de que os três dias e três noites foram reais.


2. Quando Jesus foi colocado no túmulo?

É muito importante neste estudo determinar quando Jesus foi posto no túmulo. Ele foi colocado ali no mesmo dia que foi crucificado; precisamente na tarde deste dia, próximo ao pôr-do-sol.

Com relação a isto, citamos o relato do seu sepultamento como está registrado no evangelho de Marcos:

“E quando já era tarde (pois era a preparação, isto é, a véspera de sábado), foi José de Arimatéia, membro ilustre do Sinédrio, que também esperava o Reino de Deus, apresentou-se corajosamente a Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus.” Marcos 15:42-43.

O mesmo relato encontra-se no evangelho de Lucas:

“Chegando a Pilatos, pediu-lhe o corpo de Jesus; e tirando-O da cruz, envolveu-O num pano de linho, e pô-Lo num sepulcro escavado em rocha, onde ninguém ainda havia sido posto. Era o dia da preparação, e ia começar o sábado.” Lucas 23:52-54.

Estes versos logicamente fixam uma questão: Que dia da semana era este chamado sábado? Que dia era este chamado de “a preparação”?

De acordo com o quarto mandamento do decálogo, como se encontra em Êxodo 20:8-11, o sétimo dia da semana está designado como Sábado, o qual está sendo chamado até hoje.

Portanto, se o Sábado mencionado em Lucas 23:54 era o sétimo dia da semana (de acordo com o quarto mandamento), bem poderia ser determinado que a sexta-feira (o dia anterior ao sábado) fosse o dia da preparação, mencionado neste mesmo verso. Assim que, por este raciocínio e relato da Escritura, parece que o Messias foi crucificado e sepultado na sexta-feira, precisamente antes do pôr-do-sol.

Esta é a conclusão comumente aceita e, aparentemente, tem fundamento bíblico. Se esta conclusão é correta, o Messias não cumpriu a profecia dita por Ele e relacionada a Si mesmo. Porque, se ressuscitou no domingo de manhã, como geralmente se crê, Ele esteve no túmulo somente duas noites e um dia: sexta-feira de noite (uma noite), o dia de sábado (um dia), e a noite depois do pôr-do-sol do sábado (uma noite).

Ainda se contássemos o curto período entre o tempo que foi posto no túmulo e o pôr-do-sol como mais um dia, a conta só mudaria para dois dias e duas noites, ou seja, um dia e uma noite menos do tempo exato especificado pelo Messias. E se não esteve ali o tempo completo, de acordo com a promessa feita por Ele mesmo, teria sido um impostor, porque Ele assegurou que este seria o único sinal dado aos incrédulos.

Além do mais, qualquer tentativa de contar alguma parte do dia de domingo como outro dia completo, no qual o Messias poderia ter estado no túmulo antes de ressuscitar, teria que ser rejeitada, porque o anjo (de acordo com o relato de João 20:1) disse às mulheres que foram ao túmulo antes da saída do sol, que o Messias já havia ressuscitado e já havia saído do túmulo. João especifica no seu evangelho que a visita foi feita “sendo ainda escuro”. Portanto, devemos estar seguros de que há algum equívoco com a teoria da crucificação na sexta-feira e da ressurreição no domingo, pois Jesus é o verdadeiro Messias e sempre disse a verdade.

Assim, é necessário investigar mais profundamente, para encontrarmos uma explicação harmoniosa e real para esse acontecimento.


3. Quando Jesus deixou o túmulo?

A ressurreição de Jesus foi um acontecimento maravilhoso. Todos os escritores dos evangelhos testificam o fato da ressurreição, porém, surpreendentemente, nenhum deles menciona o minuto exato em que houve este acontecimento. Não é correto dizer que a Bíblia não nos dá suficientes informações para podermos determinar o dia e a parte exata do dia em que ocorreu. Muito pelo contrário. Transcrevemos exatamente o que cada escritor do evangelho nos diz sobre a ressurreição:

Marcos:

“E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro muito cedo, ao levantar do sol. E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro? Mas, levantando os olhos, notaram que a pedra, que era muito grande, já estava revolvida; e entrando no sepulcro, viram um moço sentado à direita, vestido de alvo manto; e ficaram atemorizadas. Ele, porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o nazareno, que foi crucificado; Ele ressurgiu; não está aqui; eis o lugar onde o puseram.” Marcos 16:2-6.

Nota-se que Marcos não dá nenhuma indicação do tempo em que Jesus saiu do túmulo. Somente diz que algumas mulheres fizeram uma visita ao túmulo “ao levantar do sol”, quando foram avisadas pelo anjo que o Messias não estava mais ali.

Obs.: Muitas pessoas mal informadas tomam como base Marcos 16:9 para provar que Jesus ressuscitou no primeiro dia da semana:

“Ora, havendo Jesus ressurgido cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios.” Marcos 16:9.

No rodapé das Bíblias na versão revisada da tradução de João Ferreira de Almeida – de acordo com os melhores textos em hebraico e grego – 11a. impressão – 1995 encontram-se as seguintes informações a respeito de Marcos 16:9-20:

“Nos melhores manuscritos antigos não consta o trecho dos versículos 9 a 20”.

No rodapé da Bíblia de Jerusalém, lê-se o seguinte:

“O trecho final de Marcos 16:9-20 faz parte das Escrituras inspiradas: é tido como canônico. Isso não significa necessariamente que tenha sido escrito por Marcos. De fato, põe-se em dúvida que esse trecho pertença à redação do segundo evangelho.” A Bíblia de Jerusalém – 3ª. Impressão – 1994.

Os historiadores também sustentam o fato de que os textos escritos pelo evangelista Marcos terminam no capítulo 16:8. No livro “Guia Completo da Bíblia”, impresso por Seleções do Reader’s Digest, p. 335, após descrever os últimos textos escritos pelo evangelista Marcos, informa o seguinte:

“Com essas surpreendentes revelações, chega ao fim o texto de Marcos. É desconcertante a maneira como deixam a história em suspenso, por vezes, no meio da frase. Tal característica fez com que se realizassem várias tentativas diferentes na antiguidade para acrescentar um final adequado ao Evangelho. Na verdade, muitos estudiosos sugeriram que a conclusão original de Marcos foi de algum modo perdida. O conhecido final (Marcos 16:9-20) começou a ser acrescentado rotineiramente ao texto de Marcos só depois do século IV d.C.”

No sentido de preparar as mentes dos incautos, a igreja romana começou a divulgar já a partir do quarto século a nova versão sobre o dia da ressurreição de Jesus. Tudo para tornar o domingo, primeiro dia da semana, um dia memorável.

Lucas:

“Mas já no primeiro dia da semana, bem de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado. E acharam a pedra revolvida do sepulcro. Entrando, porém, não acharam o corpo do Senhor Jesus. E, estando elas perplexas a esse respeito, eis que lhes apareceram dois varões em vestes resplandecentes; e ficando elas atemorizadas e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais entre os mortos Aquele que vive? Ele não está aqui, mas ressurgiu. Lembrai-vos de como vos falou, estando ainda na Galiléia.” Lucas 24:1-6.

Tão pouco Lucas dá algum indício de quando o Messias saiu do sepulcro. Somente confirma o relato de que o Messias já havia saído quando as mulheres chegaram.

João:

“No primeiro dia da semana Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra fora removida do sepulcro. Correu, pois, e foi ter com Simão Pedro, e o outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Tiraram do sepulcro o Senhor, e não sabemos onde o puseram. Saíram então Pedro e o outro discípulo e foram ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais ligeiro do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro, e, abaixando-se, viu os panos de linho ali deixados, todavia não entrou. Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro e viu os panos de linho ali deixados, e que, o lenço, que estivera sobre a cabeça de Jesus, não estava com os panos, mas enrolado num lugar à parte.” João 20:1-7.

O relato de João também não dá indicação do tempo exato em que Jesus saiu do túmulo, apenas cita que Ele não estava mais lá quando Maria Madalena foi ao sepulcro na madrugada, sendo ainda escuro, no primeiro dia da semana.

Porém, devemos observar que ainda não lemos o relato da ressurreição que nos dá Mateus no seu evangelho. Mateus revela-nos o tempo:

Mateus:

“No findar do sábado, ao entrar o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. E eis que houvera um grande terremoto; pois um anjo do Senhor descera do céu e, chegando-se, removera a pedra e estava sentado sobre ela. O seu aspecto era como um relâmpago, e as suas vestes brancas como a neve. E de medo dele tremeram os guardas, e ficaram como mortos. Mas o anjo disse às mulheres: Não temais vós; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado. Não está aqui, porque ressurgiu, como Ele disse. Vinde, vede o lugar onde jazia.” Mateus 28:1-6.

Nestes versos encontramos uma informação muito importante referente ao acontecimento, não havendo contradição alguma no seu relato. Mateus é o único escritor do Evangelho que assinala o tempo da ressurreição. Ele relata que as mulheres foram ao túmulo antes de começar o primeiro dia da semana:

“No findar do sábado, ao entrar o primeiro dia semana...” . Ele não diz exatamente quanto tempo antes começaria o dia seguinte, porém está definindo que foi à tarde, na última hora do sábado semanal.

Isto explica porque o Messias não estava no túmulo quando O visitaram de manhã ou de madrugada, depois do sábado (ao começar o primeiro dia da semana, hoje chamado de domingo).

As mulheres, no relato de Mateus, certamente estavam por perto quando ocorreu a ressurreição, porque ele relata que “houvera um grande terremoto; pois um anjo do Senhor descera do céu e, chegando-se, removera a pedra e estava sentado sobre ela...”. Elas, no entanto, não viram o Messias sair do túmulo.

É importante notar que Mateus detalha o tempo da ressurreição com duas expressões diferentes: “No findar do sábado” e “ao entrar o primeiro dia” ou conforme outras traduções, “quando começava a amanhecer o primeiro dia da semana”. Para os judeus, o dia começa e termina no pôr-do-sol, portanto, o mesmo ocorre com o sábado. A parte escura do dia é contada inicialmente e depois a parte clara (Levítico 23:32).


4. O significado das palavras “ao entrar” ou “amanhecer”

Os dois termos, usados em algumas traduções, “ao entrar” ou “amanhecer” são sinônimos e por isso merecem uma explicação. No caso específico de Mateus 28:1 o termo utilizado não indica o tempo de saída do sol, mas o começar de um dia completo de 24 horas.

Primeiramente Mateus acaba de relatar que era “no findar do sábado...”, isto porque o sábado termina no pôr-do-sol, portanto, seria impossível neste caso, a palavra “amanhecer” significar o romper do sol, porque o sol somente aparece 12 horas mais tarde. Não poderia ser o fim do sábado e a manhã de domingo ao mesmo tempo.

Em segundo lugar a palavra “amanhecer” foi usada aqui como um verbo e não como um sujeito. Note-se que as palavras não são: “...no amanhecer” mas “quando começava a amanhecer...” ou “ao entrar o primeiro dia...”. O termo “amanhecer” nesta passagem deriva-se da palavra grega “epiphosko”. O “Greek and English Lexicon of the New Testament” de Parkhurst a define da seguinte maneira: “Aproximar-se, como o Sábado judeu, que começa na tarde”. Para confirmá-lo consulte Levítico 23:32 e Neemias 13:19.

Assim, o verbo está claramente usado. Compare Lucas 23:54 com Deuteronômio 21:22-23. Com a mesma visão pode-se compreender o relato de Mateus 28:1, ou seja, NA TARDE DE SÁBADO, quando os judeus estavam esperando o princípio do primeiro dia (domingo) da semana.

As palavras “amanhecer” ou “ao entrar” consistem num forte obstáculo à idéia de uma ressurreição no domingo de manhã, já que Mateus nos relata que estas coisas sucederam enquanto estava amanhecendo ou aproximando-se o primeiro dia da semana e isto nos prova que o primeiro dia da semana ainda não havia chegado. A ressurreição aconteceu na parte final do sábado.

Neste ponto, seria conveniente notar as diversas traduções de Mateus 28:1, ou ao menos uma parte do verso. A seguir, consideremos um pouco destas traduções das Escrituras:

Versão Revisada e Versão Americana: “Na tarde de sábado...”.
Almeida Revisada e Atualizada: “No findar do sábado...”.
Peshito Syriac: “E no encerrar do sábado...”.
Dean Alfred: “E no fim do sábado...”.
Rotherman: “Na tarde da semana, quando estava a ponto de amanhecer o primeiro dia da semana...”.
George Ricker Berry (Ph.D., Universidade de Chicago e Universidade Colgate, Departamento de Línguas Semíticas): “Na tarde do sábado, quando estava escurecendo para o primeiro dia da semana...”.
James Moffatt: “No encerramento do sábado, quando o primeiro dia da semana estava amanhecendo...”.

A tradução grega mais antiga que qualquer outro texto grego conhecido, The Sinaitic Palimpset, confirma as traduções citadas: “Na tarde do sábado, quando o primeiro dia da semana amanhecia...”.

Assim, à primeira vista, poderíamos estranhar que a ressurreição tivesse ocorrido antes do pôr-do-sol. No entanto, pensando mais detidamente, descobrimos que a ressurreição de Jesus deveria acontecer exatamente neste momento do dia. E tinha que ser assim para que as palavras proféticas de Jesus se cumprissem exatamente.

Até aqui encontramos o tempo aproximado da ressurreição, ocorrida, segundo o relato de Mateus, no fim do sábado semanal. Porém, quando comparamos com o tempo em que se presume que o Messias foi posto no túmulo, a investigação que fizemos sobre o elemento tempo em nosso estudo, parece ainda mais confusa.

Se o Messias, como crêem milhões de religiosos, foi colocado no túmulo antes do crepúsculo de sexta-feira, e ressuscitou, como concluímos neste estudo, antes do crepúsculo do sábado, então Ele esteve no túmulo somente 24 horas, ou seja, um dia e uma noite. Isto não pode ser verdade, porque então não teria sentido algum dizer que o dia depois da ressurreição era “o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram...” conforme Lucas 24:21.

Com base neste estudo, Jesus ressuscitou no fim do sábado e como Ele disse que estaria no túmulo três dias e três noites, resta-nos contar para trás esse período de tempo por Ele profetizado, para determinar o tempo quando foi posto no sepulcro.

Esta conta para trás nos leva precisamente ao crepúsculo de quarta-feira. Isto significa que Jesus foi crucificado neste dia e não na sexta-feira.

Como poderia o Messias ser crucificado na quarta-feira, quando está claramente relatado que o dia da crucificação foi o dia da preparação para o sábado?

O Evangelista João nos dá a resposta:

“Então os judeus, porque era véspera da Páscoa, para que os corpos não fossem retirados da cruz no sábado, pois era grande o dia de sábado, rogaram a Pilatos que lhes quebrassem as pernas, e fossem retirados.” João 19:31.

Isto mostra que o Messias foi crucificado um dia antes do chamado “grande dia de sábado”. Este era o sábado, sétimo dia da semana? Não, não era. Não podia ser, porque o sábado semanal designado nos dez mandamentos como descanso, nunca foi chamado “um grande dia”.

O apóstolo João ainda esclarece que no dia da morte de Jesus “...era a preparação da páscoa, e cerca da hora sexta” João 19:14.

Esta preparação não era, portanto, uma preparação para o sábado, o sétimo dia, mas para a páscoa.


5. Dois sábados naquela mesma semana

Com uma simples comparação de textos, podemos provar que na semana da morte de Jesus, houve dois sábados: a) o primeiro dia dos asmos, que caia no dia 15 de Nisã e que neste caso, foi na quinta-feira e b) o sábado do Eterno, o sétimo dia da semana. Para entendermos melhor, tomaremos um fato ocorrido neste período, ou seja, a compra de material e o preparo das especiarias, para se ungir o corpo de Jesus. Vejamos quando isto ocorreu, segundo o relato de Lucas 23:54-56:

“E era o dia da preparação, e amanhecia o sábado. E as mulheres, que tinham vindo com Ele da Galiléia, seguiram também e viram o sepulcro, e como foi posto o Seu corpo. E, voltando elas, prepararam especiarias e ungüentos, e no sábado repousaram conforme o mandamento.”

Por esta passagem fica clara a ordem de acontecimento das coisas:

a) Já estava terminando o dia da preparação, com o pôr-do-sol, e começando o sábado. Já não havia mais tempo para comprar e preparar as especiarias para ungir o corpo de Jesus, pois já era sábado.

b) O verso 54, no entanto, relata que elas, as mulheres, prepararam tudo antes do sábado e que repousaram neste dia, conforme ordenava o mandamento.

Como entender isto? Se já estava iniciando o sábado, como e quando elas compraram e fizeram os preparativos se o verso final nos prova que elas observaram o sábado?

Comparemos agora o mesmo assunto com o descrito em Marcos 16:1:

“E, passado o sábado, Maria Madalena e Maria mãe de Tiago e Salomé, compraram aromas para irem ungi-Lo.”

Este texto parece complicar mais, todavia é aqui que se esclarecem os fatos, pois fala que as mulheres foram comprar as especiarias DEPOIS do sábado. Lucas, no verso 54 nos relata que este preparo ocorreu antes do sábado e Marcos relata que foi depois. Como harmonizar esses fatos?

A grande e esclarecedora verdade é que naquela semana houve dois sábados: um sábado cerimonial ocorrido na quinta-feira, ou seja, o primeiro dia da grande festa dos asmos e o outro, o sétimo dia da semana, ou o sábado citado pelo quarto mandamento do decálogo divino. Assim, Jesus morreu no dia 14 de Nisã, uma quarta-feira, também considerado o “dia da preparação”; foi sepultado no final deste dia, próximo ao pôr-do-sol, portanto já quase na virada para a quinta feira, que por sua vez era o dia dos asmos, um sábado cerimonial e festivo. Foi depois deste sábado cerimonial ou quinta-feira, que as mulheres compraram e prepararam as especiarias, o que harmoniza com Marcos 16:1.

O material para ungir o corpo de Jesus foi aprontado na sexta-feira. No sábado (sétimo dia) elas repousaram conforme requeria o preceito da Lei e no primeiro dia da semana foram cedo para fazer a santa unção. Isto harmoniza também Lucas 23:54 e 24:1 com Marcos 16:1-2. Portanto, fica claro que naquela semana houve dois sábados, dissipando-se assim quaisquer possíveis dúvidas sobre o referido assunto.

Por que as mulheres não foram ungir o corpo de Jesus na sexta-feira, quando prepararam as especiarias? Mesmo que elas quisessem fazê-lo, não teriam as mínimas condições, porque o sepulcro estava selado e havia guardas prestando serviço de segurança para que o corpo não fosse roubado:

“No dia seguinte, isto é, o dia depois da preparação, reuniram-se os principais sacerdotes e os fariseus perante Pilatos, e disseram: Senhor, lembramo-nos de que aquele embusteiro, quando ainda vivo, afirmou: Depois de três dias ressurgirei. Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até o terceiro dia; para não suceder que, vindo os discípulos, o furtem e digam ao povo: Ressurgiu dos mortos; e assim o último embuste será pior do que o primeiro. Disse-lhes Pilatos: Tendes uma guarda; ide, tornai-o seguro, como entendeis. Foram, pois, e tornaram seguro o sepulcro, selando a pedra, e deixando ali a guarda.” Mateus 27:62-66.


6. Outros dias chamados “sábados”

Observe-se que a Bíblia fala de outros dias que não sendo o sétimo dia da semana, também recebem o nome de “Sábado”. Por exemplo, encontramos um dia diferente chamado sábado no seguinte versículo: “...fala aos filhos de Israel e diz-lhes: No sétimo mês, ao primeiro do mês tereis descanso (Sábado), uma comemoração ao som de trombetas e uma santa convocação...” Levítico 23:24.

Se lermos o versículo 39, encontraremos mencionado outro sábado: “Porém aos 15 dias do sétimo mês, quando tiverdes recolhido o fruto da terra, celebrareis a festa do Eterno por sete dias, o primeiro dia será descanso (Sábado); descanso (Sábado) será também o oitavo...”

Muitos afirmam que a Bíblia nunca tem chamado de “sábado” os dias de descanso nas festas fixas. Convidamos estas pessoas a lerem Levítico 23:27-32:

“Ora, o décimo dia desse sétimo mês será o dia da expiação; tereis santa convocação, ... Sábado de descanso vos será... desde a tardinha do dia nono do mês até a outra tarde, guardareis o vosso sábado.”

Se esta era uma data fixa, é obvio que podia cair em qualquer dia da semana e que seria um sábado, um sábado cerimonial, integrante de determinada festa. Era um dia de descanso, portanto, também não se trabalhava e ao mesmo tempo era considerado como “sábado”.

Assim, ao entendermos o verdadeiro significado da palavra “sábado”, de acordo com as Escrituras Sagradas, pode-se ver que o sábado que veio no dia seguinte ao que o Messias foi crucificado, não foi necessariamente o semanal dia de sábado do quarto mandamento da lei de Deus.


7. Preparação para o sábado

O Messias foi morto no dia 14 do primeiro mês hebreu, à tardinha, chamado Nisã ou Abib (o mesmo dia no qual o cordeiro da Páscoa era sacrificado, conforme o Antigo Testamento – Leia Êxodo 12:1-6) e isto podia acontecer em qualquer dia da semana.

O dia seguinte à morte do cordeiro da Páscoa, sempre era chamado de “Sábado”:

“No primeiro mês, aos quatorze do mês, pela tarde, é a Páscoa de Jeová. E aos quinze deste mês é a festa dos asmos. No primeiro dia tereis santa convocação: nenhuma obra servil fareis...” Levítico 23:5-7.

Uma “santa convocação” significa um descanso e dia de reunião. Era um tempo em que nenhum trabalho servil deveria ser feito. Era um “sábado” e por essa razão o dia seguinte à crucificação do Messias (dia 15 de Nisã), o qual Lucas chama de “sábado” (Lucas 23:54), teria por necessidade que corresponder ao dia seguinte da Páscoa, em conformidade com Levítico 23:5-7, e por ser sábado, não era o sétimo dia – o sábado semanal.

Uma observação muito importante:

O dia da crucificação foi chamado de “a preparação da páscoa” Neste ano particularmente, o dia da “preparação” caiu numa quarta-feira (14 de Nisã). No dia seguinte (15 de Nisã) celebrava-se o primeiro dia da festa dos asmos. Era um sábado cerimonial; um dia de santa convocação. Nenhum trabalho servil deveria ser feito nesse dia. Este sábado festivo caiu numa quinta-feira.

Jesus morreu ao redor das três horas da tarde de quarta-feira, e pouco antes do crepúsculo deste mesmo dia foi posto no túmulo.

Setenta e duas horas mais tarde (ou três dias e três noites) cumpriram-se antes do crepúsculo do sétimo dia, sábado semanal, o qual foi o tempo (de acordo com Mateus 28:1) em que o anjo abriu o túmulo e disse:

“Não temais vós, porque eu sei que procurais a Jesus, que foi crucificado. Não está aqui porque já ressuscitou, como disse: Venham, vede o lugar onde foi posto.” Mateus 28:5-6.


8. O tempo que Jesus esteve no sepulcro

Prosseguiremos nosso estudo, considerando agora alguns versículos relacionados com o tempo do sepultamento do Messias. Este tempo é referido nos evangelhos de três modos diferentes, como segue:

a) Jesus estaria três dias e três noites no coração da terra. (Mateus 12:40)

b) Ele ressuscitou ao terceiro dia. (Mateus 16:21; Mateus 17:23; Mateus 20:19 e Lucas 9:22)

c) Jesus havia dito: “...depois de três dias Me levantarei outra vez.” (Mateus 27:63 e Marcos 8:31)

Sabendo que a Bíblia é divinamente inspirada e sem contradição, deve existir completa harmonia entre estes três períodos de tempo designados, e especialmente entre os termos: “ao terceiro dia” e “depois de três dias”.

A referência nos versículos acima citados sobre o tempo que o Messias estaria no túmulo, de nenhuma maneira se põe em evidência ou contradiz a doutrina da crucificação na quarta-feira e a ressurreição no fim do sábado, antes do crepúsculo. Os versículos harmonizam com esta verdade de modo maravilhoso e mostram a exatidão da Palavra de Deus.

Ressuscitado ao terceiro dia – Como pôde Jesus ter estado no túmulo três dias e três noites e ressuscitar ao terceiro dia?

Esta pergunta é facilmente respondida. Jesus foi posto no túmulo numa quarta-feira antes do crepúsculo. Vinte e quatro horas mais tarde, antes do crepúsculo de quinta-feira, completaram-se as horas do primeiro dia. Contando da mesma maneira sexta-feira, temos o segundo dia e no sábado, antes do crepúsculo, passadas setenta e duas horas desde o crepúsculo de quinta-feira, temos o terceiro dia.

Esse é o entendimento judaico também relacionado aos dias da criação. Um dia e uma noite completa-se ao totalizar 24 horas:

“...E foi a tarde e a manhã, o primeiro dia.” Gênesis 1:5
“...E foi a tarde e a manhã, o segundo dia.” Gênesis 1:8
“E foi a tarde e a manhã, o terceiro dia.” Gênesis 1:13
“E foi a tarde e a manhã, o quarto dia.” Gênesis 1:19
“E foi a tarde e a manhã, o quinto dia.” Gênesis 1:23
“...E foi a tarde e a manhã, o sexto dia.” Gênesis 1:31

Da mesma forma, o sétimo dia é de 24 horas. Começa com a parte escura (ao por do sol de sexta-feira) e termina na parte clara do dia (ao por do sol de sábado).

Foi Deus quem estabeleceu esta regra. Por isso, ao tratar-se de um assunto sério e de salvação, é imprescindível seguir as normas de Deus e não as dos homens.

Seguindo este princípio, Jesus esteve sepultado três dias completos de 24 horas, totalizando 72 horas.


Depois de três dias – Como Jesus poderia ter ressuscitado ao terceiro dia e ao mesmo tempo deixar o túmulo depois de três dias?

A resposta é muito simples. De acordo com Mateus, o Messias deveria estar no túmulo três dias e três noites (72 horas). Ao cumprir este período de tempo, diz-se depois que Ele havia estado ali três dias. Ele não levantou-Se antes de expirarem os três dias. A verdade é que sobrava um tempo de claridade ainda do dia, depois que passou o tempo especificado, antes do término do crepúsculo. Lembrem-se: Jesus morreu antes do pôr-do-sol de quarta-feira e por isso a Sua saída do túmulo teria que ocorrer antes do pôr-do-sol de sábado. Desta forma, depois de completados os três dias (72 horas), Jesus ressuscitou.

Achamos perfeita harmonia nas três definições de tempo, tudo em seu exato minuto. É assim que Deus faz tudo.


9. O encontro de Jesus com dois discípulos no caminho de Emaús

Há mais uma referência no fator tempo, que está ligada à crucificação e ressurreição do Messias.

Esta foi feita por um dos homens que iam caminhando para uma vila chamada Emaús, no dia seguinte da ressurreição, quando Jesus juntou-Se e andou com eles.

Iam desconsolados, falando dos acontecimentos recentes que envolviam a morte e ressurreição de Jesus. Eles disseram:

“E nós esperávamos que fosse Ele que remisse Israel, mas agora, sobre tudo isso, hoje já é o terceiro dia que estas coisas aconteceram.” Lucas 24:21.

Notamos anteriormente que em vários versículos está relatado que Jesus ressuscitaria no terceiro dia depois de Sua crucificação e sepultamento.

Se este terceiro dia mencionado por um dos discípulos que iam a Emaús era o terceiro dia depois de o Messias ter sido posto no túmulo, a conclusão seria que a ressurreição ocorreu no primeiro dia da semana.

Estaríamos diante de uma direta contradição com os relatos que consideramos em outros versículos da Bíblia. Um desses relatos refere-se ao sinal de Jonas e o outro sobre o relato feito por Mateus de que o Messias não foi encontrado no túmulo no final do sábado.

O texto de Lucas 24:21 não é um relato contraditório se o mesmo for examinado corretamente. O texto NÃO É UMA CONTRADIÇÃO, pois é impossível que o domingo tenha sido “o terceiro dia desde que...” ocorreu a crucificação do Messias. Por quê? Porque se o domingo foi o terceiro dia depois da crucificação, esta não teria acontecido na sexta-feira e sim numa quinta-feira, porque se o domingo era o terceiro dia depois, então seguindo o raciocínio anterior, ou seja, contando para trás – o sábado seria o segundo dia e a sexta feira o primeiro dia depois da crucificação, não o dia do acontecimento.

Analisando as palavras do discípulo, constataremos completa harmonia aos relatos de outras partes das Escrituras Sagradas.

O discípulo não disse: “...hoje é o terceiro dia depois da crucificação e morte de Jesus...”. Ele disse assim: “... hoje é o terceiro dia desde que estas coisas aconteceram...” Lucas 24:21.

Os homens estavam falando de outras coisas além da crucificação e sepultura de Jesus, porque lemos no verso 14: “E iam falando entre si de todas aquelas coisas que tinham acontecido.”

Obviamente isto inclui tudo o que havia sido feito em relação à morte e sepultamento de Jesus. Algo que foi feito por último, consistiu no selamento da pedra que fechou o túmulo e o estabelecimento da guarda que cuidou do sepulcro com severa vigilância. Tudo isto se concluiu no dia seguinte de Sua morte, que era quinta-feira (o selamento e a vigilância), como pode-se comprovar através a leitura dos seguintes versos:

“No dia seguinte, isto é, dia depois da preparação, reuniram-se os principais sacerdotes e os fariseus perante Pilatos, e disseram: Senhor, lembramo-nos de que aquele embusteiro, quando ainda vivo, afirmou: Depois de três dias ressurgirei. Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até o terceiro dia; para não suceder que, vindo os discípulos, o furtem e digam ao povo: Ressurgiu dos mortos; e assim o último embuste será pior do que o primeiro. Disse-lhes Pilatos: Tendes uma guarda; ide, tornai-o seguro, como entendeis. Foram, pois, e tornaram seguro o sepulcro, selando a pedra, e deixando ali a guarda.” Mateus 27:62-66.

Assim, o tempo a contar dos dias posteriores, seria desde o dia em que a última coisa foi feita, relacionada com a crucificação e sepultamento, e esta era a que acabamos de assinalar: o selo do túmulo e o estabelecimento da guarda. Acontecimento ocorrido na quinta-feira.

Com base nesses detalhes, a sexta-feira havia sido o primeiro dia depois; o sábado, o segundo dia depois; o domingo, o terceiro dia depois que “todas estas coisas aconteceram”.

Outras versões sobre Lucas 24:21 esclarecem o assunto. Pelo fato de muitos não aceitarem as verdades da Bíblia sem apresentarem alguma resistência, decidimos incorporar mais este argumento, baseado em outras versões que, sem dúvida, será um reforço a mais para fundamentar o assunto.

“E nós esperávamos que fosse Ele o que remisse Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram.” Versão Almeida Revista e Corrigida.

Conforme já explicado, esta passagem, da forma em que foi traduzida e considerando-se os três dias e as três noites, poderiam nos levar a entender que Jesus teria morrido na quinta-feira, pois aí sexta-feira seria o primeiro dia; o sábado, o segundo dia; o domingo, o terceiro dia. Todavia, vejamos o mesmo texto em outras versões:

“São agora três dias desde que estas coisas ocorreram...” El Nuevo Testamento Del Siglo Veinte.

“E eis aqui, três dias tem passado desde que todas estas coisas ocorreram.” Versão Peshito Siríaca. Obs.: Esta versão é considerada a mais antiga do mundo, antes mesmo que qualquer texto grego conhecido pelo homem.

“Hoje são três dias desde que todas estas coisas aconteceram...” The Curetonian Syriac. Obs.: Outro antigo manuscrito.

Portanto, nenhuma destas conceituadas versões, dizem que aquele “domingo” fosse o terceiro dia, mas que já haviam se passado três dias, o que, sem dúvida, muda a situação.


10. Relatos bíblicos dos últimos seis dias que antecederam a morte do Messias

A seguir apresentamos a trajetória dos últimos seis dias do Messias, os quais culminaram com a Sua morte e sepultamento numa quarta-feira:

a) Jesus vai à Betânia (dia: 9 de Nisã - sexta-feira):

“Veio, pois, Jesus seis dias antes da páscoa, a Betânia, onde estava Lázaro, a quem Ele ressuscitara dentre os mortos. Deram-Lhe ali uma ceia; Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com Ele. Então Maria, tomando uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus, e os enxugou com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do bálsamo.” João 12:1-3.

b) A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (dia: 10 de Nisã - sábado semanal):

“No dia seguinte, as grandes multidões que tinham vindo à festa, ouvindo dizer que Jesus vinha a Jerusalém, tomaram ramos de palmeiras, e saíram-Lhe ao encontro, e clamavam: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o rei de Israel! E achou Jesus um jumentinho e montou nele, conforme está escrito: Não temas, ó filha de Sião; eis que vem o teu Rei, montado sobre o filho de uma jumenta.” João 12:12-15.

c) Jesus chora por Jerusalém (dia: 10 de Nisã - sábado semanal):

“E quando chegou perto e viu a cidade, chorou sobre ela.” Lucas 19:41.

d) Jesus vai ao templo (dia: 10 de Nisã - sábado semanal):

“Tendo Jesus entrado em Jerusalém, foi ao templo. ...” Marcos 11:11.

e) A figueira maldita (dia: 11 de Nisã –domingo):

“No dia seguinte, depois de saírem de Betânia, teve fome, e avistando de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se, porventura, acharia nela alguma coisa; e chegando a ela, nada achou senão folhas, porque não era tempo de figos. E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E seus discípulos ouviram isso.” Marcos 11:12-14.

f) Jesus lança fora do templo os comerciantes (dia: 11 de Nisã –domingo):

“Chegaram, pois, a Jerusalém. E entrando Ele no templo, começou a expulsar os que ali vendiam e compravam; e derribou as mesas dos cambistas, e as cadeiras dos que vendiam pombas.” Marcos 11:15.

g) A figueira se seca (dia: 12 de Nisã - segunda-feira):

“Ao cair da tarde, saíam da cidade. Quando passavam na manhã seguinte, viram que a figueira tinha secado desde as raízes.” Marcos 11:19-20.

“Ora, dali a dois dias era a páscoa e a festa dos pães ázimos; e os principais sacerdotes e os escribas andavam buscando como prender Jesus a traição, para O matarem.” Marcos 14:1.

h) O cenáculo é preparado para celebrar a ceia (dia: 13 de Nisã -terça-feira):

“Jesus enviou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa, para que a comamos. Perguntaram-lhe eles: Onde queres que a preparemos? Respondeu-lhes: Quando entrardes na cidade, sair-vos-á ao encontro um homem levando um cântaro de água; segui-o até a casa em que ele entrar. E direis ao dono da casa: O Mestre manda perguntar-te: Onde está o aposento em que hei de comer a páscoa com os Meus discípulos? Então ele vos mostrará um grande cenáculo mobiliado; aí fazei os preparativos. Foram, pois, e acharam tudo como lhes dissera e prepararam a páscoa.” Lucas 22:8-13.

i) A ceia (dia: 14 de Nisã -a parte escura de quarta-feira). Obs.: (Para nós ocidentais foi terça-feira à noite):

“Antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que era chegada a Sua hora de passar deste mundo para o Pai, e havendo amado os Seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. Enquanto ceavam, ...” João 13:1-2.

“E, chegada a hora, pôs-Se Jesus à mesa, e com Ele os apóstolos.” Lucas 22:14.

j) Jesus é preso no jardim de Getsêmane – Esse jardim está situado ao pé do Monte das Oliveiras (dia: 14 de Nisã - na parte escura de quarta-feira):

“Então foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmane, e disse aos discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto Eu vou ali orar. ...E estando Ele ainda a falar, eis que veio Judas, um dos doze, e com ele grande multidão com espadas e varapaus, vinda da parte dos principais sacerdotes e dos anciãos do povo. Ora, o que O traia lhes havia dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é: prendei-O. E logo, aproximando-se de Jesus disse: Salve, Rabi. E O beijou. Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Nisto, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus e O prenderam.” Mateus 26:36, 47-50.

k) O julgamento final de Jesus (dia: 14 de Nisã – eram seis horas da manhã de quarta-feira):

“Pilatos, pois, quando ouviu isto, trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Pavimento, e em hebraico Gabatá. Ora, era a preparação da páscoa, cerca da hora sexta. ...Então lhe entregou para ser crucificado.” João 19:13,14 e 16.
Obs.: João emprega o sistema de horário romano. A hora sexta do sistema de horário romano equivale a seis horas da manhã.

l) Jesus é pendurado no madeiro (dia: 14 de Nisã – às nove horas da manhã de quarta-feira):

“E era a hora terceira quando O crucificaram.” Marcos 15:25.
Obs.: A hora terceira do sistema de horário judaico equivale a nove horas da manhã.

m) A morte de Jesus (dia: 14 de Nisã – às quinze horas da tarde de quarta-feira):

“Era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até a hora nona, pois o sol se escurecera; e rasgou-se ao meio o véu do santuário. Jesus, clamando com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o Meu espírito. E, havendo dito isso, expirou.” Lucas 23:44-46.
Obs.: A hora nona do sistema de horário judaico equivale a quinze horas da tarde.

n) Sepultamento de Jesus (dia: 14 de Nisã – final de quarta feira, véspera do sábado cerimonial):

“E Nicodemos, aquele que anteriormente viera ter com Jesus de noite, foi também, levando cerca de cem libras duma mistura de mirra e aloés. Tomaram, pois, o corpo de Jesus, e o envolveram em panos de linho com as especiarias, como os judeus costumavam fazer na preparação para a sepultura. No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim, e nesse jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda havia sido posto. Ali, pois, por ser a véspera do sábado dos judeus, e por estar perto aquele sepulcro, puseram a Jesus.” João 19:39-42.


11. Qual a importância deste estudo?

a) Por que estudamos este assunto com todos os detalhes? Faz realmente alguma diferença o dia em que o Messias foi crucificado e o dia em que ressuscitou? Não é certo que a coisa mais importante é crer que Jesus morreu por nós e ressuscitou para que tivéssemos a vida eterna? Sim, é verdade, o que Ele fez por nós é vital e importante, e, independentemente dos fatores incluídos.

Apesar de o fato ser importante, também é importante crer nas palavras de Jesus. As conseqüências naturalmente serão eternas. “Quem crê no Filho tem a vida eterna...” João 3:36.

Damos importância a esse estudo pelo fato de haver no Novo Testamento mais de 20 passagens onde o fator tempo é ressaltado. Eis todas as passagens

Mateus 12:40; Mateus 16:4; Mateus 16:21; Mateus 17:23; Mateus 20:19; Mateus 26:61; Mateus 27:40; Mateus 27:63; Mateus 27:64; Marcos 8:31; Marcos 9:31; Marcos 10:34; Marcos 14:58; Marcos 15:29; Lucas 9:22; Lucas 18:33; Lucas 24:7; Lucas 24:46; João 2:19; João 2:20; Atos 10:40; I Coríntios 15:4.

O fato de Jesus fazer referência à história de Jonas, já é uma prova inequívoca de que este fato realmente aconteceu, ou seja, os três dias e três noites foram reais. Por que não acreditar nas palavras de Jesus?

b) Além disso, a observância do domingo como dia de repouso e adoração tem seu princípio derivado do ensinamento de que o Messias ressuscitou dos mortos num domingo. A maioria das igrejas cristãs guarda o domingo em memória da ressurreição de Jesus.

Esta foi uma das causas de a igreja dominante do século IV ter mudado a observância do sábado bíblico (sétimo dia) para o domingo (primeiro dia da semana).

Assim, ao provar que o Messias não ressuscitou no domingo, derruba-se esse falso argumento. É extremamente perigoso adaptar nosso culto a Deus de acordo com a doutrina humana e estabelecer nossa fé de acordo com os ensinamentos dos homens.

c) Outro resultado do falso ensinamento sobre a crucificação e ressurreição do Messias é a “Sexta-feira Santa”. Cada ano a maioria das religiões tem um serviço especial na sexta-feira anterior à chamada Páscoa Florida (domingo da ressurreição). Este dia é designado como “Sexta-feira Santa” e é lembrado como o dia da crucificação.

Até aqui foram comparados cuidadosamente todos os relatos apresentados pela Bíblia, não havendo fundamento escritural para a observância deste dia.

É verdade que o Messias ensinou que deveríamos recordar Sua morte. Para isso, Ele mesmo instituiu uma cerimônia que cobrisse este propósito, ao qual Paulo se refere como “A Ceia do Senhor” (I Coríntios 11:20). Jesus instituiu este serviço durante a noite em que foi traído (a mesma noite do dia em que foi crucificado) e não no dia em que ressuscitou, portanto, tomar a comunhão no domingo é também sem justificação escritural. Naquela noite, Jesus tomou o pão sem fermento e o sangue das uvas como símbolos de Seu corpo rompido e sangue derramado.

A sexta-feira santa é outra instituição dos homens. O Messias não foi crucificado na sexta-feira, como claramente mostramos, mas sim na quarta-feira. De qualquer forma, isto não significa que a quarta-feira é o dia que se deve observar sempre como o dia da Sua crucificação.

A data da crucificação é a mesma, porém o dia da semana em que cai é variável, assim como os aniversários caem em dias diferentes da semana em cada ano, da mesma maneira o aniversário da crucificação cai em dia diferente em cada ano.

d) O domingo de Páscoa é uma instituição da igreja romana:

“A questão referente à observância da Páscoa, agitada no tempo de Aniceto e Policarpo, e depois no de Vítor, estava ainda por decidir-se. Constitui um dos principais motivos para a convocação do Concílio de Nicéia, sendo, depois da controvérsia ariana, o assunto mais importante a ser considerado. ...O dia da Páscoa foi fixado no domingo que se seguisse à primeira lua cheia depois do equinócio vernal. ...Não tenhamos, pois, coisa alguma em comum com a vil plebe judia.” Historical View of the Council of Nice – pp. 23, 24 e 52.

Visto que o Messias não ressuscitou no domingo, não há razões bíblicas para a observância do domingo de páscoa, embora pela tradição seja um dos dias mais importantes e especiais na maioria das igrejas.

Observar a páscoa romana como um dia especial, sagrado, religioso e celebrá-lo comendo ovos de chocolate e fazendo com que as crianças creiam que os coelhos botam ovos, é muito inconsistente e enganoso.