As Sete Trombetas Do Apocalipse
Profecias do Apocalipse (Parte VI)
I – INTRODUÇÃO
Acontecimentos solenes fazem parte desta nova cadeia profética do Apocalipse, composta de sete trombetas. As cenas que se descortinam durante esses eventos são por demais majestosas. Em linguagem profética, os toques de trombetas são emblemas de guerra ou de graves acontecimentos políticos entre as nações (Jó 39:24 e 25; Jeremias 4:19; I Coríntios 14:7 e 8).
Contra quem os sete anjos tocariam as suas trombetas? O teor desta profecia indica que estas guerras tinham seus alvos e tiveram o seu cumprimento em conformidade com os propósitos de Deus. Durante a era cristã, ou mais precisamente após a implantação do cristianismo romano, estes juízos de Deus desabariam sobre os opressores do povo de Deus, sendo as primeiras quatro trombetas contra o Império Romano Pagão no Ocidente, posteriormente a quinta e sexta trombeta contra o Império Romano Oriental ou Roma religiosa e por último, ao soar a sétima trombeta, a profecia aponta a queda de todos os reinos do mundo e conseqüente implantação do Reino Milenar de Cristo na Terra.
II – AS QUATRO PRIMEIRAS TROMBETAS
A PRIMEIRA TROMBETA
“O primeiro anjo tocou a sua trombeta, e houve saraiva e fogo misturado com sangue, que foram lançados na terra; e foi queimada a terça parte da terra, a terça parte das árvores, e toda a erva verde.” Apocalipse 8:7.
Em 380 d.C. o Imperador de Roma, Teodósio, declarou o cristianismo como religião oficial do Império. Naqueles dias somente três partes da terra eram conhecidas: O Ocidente ou Europa, tendo Roma por capital; o Oriente ou Ásia, tendo Constantinopla como sede; e a África, tendo Cartago por cidade principal. Esta tríplice divisão deu-se após a morte do Imperador Constantino, o grande. Ele foi sucedido pelos seus três filhos: Constantino II, Constâncio II e Constante, os quais dividiram entre si a administração do Império. Consultando as páginas da história, verificamos que alguns anos mais tarde a terça parte do mundo conhecido de então, ou seja, a parte ocidental do Império Romano, tendo Roma por capital, foi a primeira vítima de uma avalanche de guerreiros vindos dalém das fronteiras do Danúbio.
Em 409 d.C., sob o comando do rei Alarico I, os visigodos foram os primeiros inimigos de Roma a feri-la seriamente, abalando sua gigantesca estrutura. Caindo sobre Roma Ocidental qual repentina chuva de saraiva destruidora, derramaram sangue de multidões, principalmente nos Bálcãs e na Itália e incendiaram numerosas cidades por onde efetuaram sua marcha. Mais tarde, outra vez Alarico I sitia Roma, que cai em 24 de agosto de 410 d.C. depois de três dias de saque e de sangrenta matança.
Cláudio, um poeta romano daqueles tempos, diz o seguinte, descrevendo as terríveis devastações de Alarico I:
“Aonde quer que as levem as fúrias, as dispersas hostes precipitam-se através de sombrios caminhos, e labirintos desconhecidos como uma chuva de saraiva, ou um sopro pestilencial.” História Universal, pp. 207-208.
A pena do poeta encarregou-se de revelar-nos o cumprimento pleno da profecia. As invasões de Alarico I são representadas como “saraiva”. Elas destruíram as cidades e os campos com fogo e os cidadãos do Império caíram em suas mãos em sangrentas batalhas. Foram os visigodos que abriram as fronteiras romanas a novas e também terríveis invasões de outras hordas bárbaras assoladoras.
A SEGUNDA TROMBETA
“O segundo anjo tocou a sua trombeta, e foi lançado no mar como que um grande monte ardendo em fogo, e tornou-se em sangue a terça parte do mar. E morreu a terça parte das criaturas viventes que havia no mar, e foi destruída a terça parte dos navios.” Apocalipse 8:8-9.
Os termos desta profecia asseguram que a segunda trombeta trata duma grande batalha naval em que um grande incêndio tomaria lugar. Um novo inimigo de Roma surgiria para abalar o seu poderio naval. Sob o comando de Genserico, os vândalos realizaram suas conquistas no mar. Em 422 d.C. eles investiram sobre a Gália e a Espanha e foram até a África. Construíram uma armada e durante 30 anos deram combate à marinha romana, que por 600 anos dominara o Mediterrâneo, expulsando-a do mar. Em uma noite, próximo de Cartago, os vândalos conseguiram destruir metade dos navios que pertenciam a Roma, usando a espada e o fogo. Eles destruíram 1.113 navios e mataram mais de 100 mil homens. Assim, o mar Mediterrâneo, considerado pelos romanos como o “Mar Nostrum”, ou o “Nosso Mar”, passou a ser controlado pelos inimigos de Roma. Após pilharem a Gália e a Espanha, os vândalos invadiram o norte da África em 429 d.C., estabelecendo ali o seu reino, fazendo de Cartago a sua capital, tendo vencido toda a resistência de Roma.
Em 455 d.C. o rei vândalo Genserico navegou com sua poderosa frota da sua capital em Cartago, para finalmente saquear Roma. Genserico caiu sobre Roma como uma montanha em chamas, deixando destruição desde Gibraltar até a foz do Nilo. Os vândalos eram tão violentos durante as suas conquistas, que a palavra ”vândalo” tornou-se sinônimo de destruidor.
Com a sua poderosa frota, Genserico, rei dos vândalos, conseguiu ocupar a Córsega, Sardanha e parte da Sicília.
A narrativa bíblica, com relação ao toque da segunda trombeta, inspira-nos plena confiança nas Sagradas Escrituras, por harmonizar-se com os fatos históricos disponíveis.
A TERCEIRA TROMBETA
“O terceiro anjo tocou a sua trombeta, e caiu do céu uma grande estrela, ardendo como uma tocha, e caiu sobre a terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas. O nome da estrela era Absinto, e a terça parte das águas tornou-se em absinto, e muitos homens morreram das águas, porque se tornaram amargas.” Apocalipse 8:10-11.
Vimos que o primeiro ataque ao Império Romano foi feito por terra e o segundo pelo mar. Enquanto os vândalos ainda depredavam todas as costas do Mediterrâneo, uma nova tempestade desabou fulminante sobre o Império Romano Ocidental. Ao sonido da terceira trombeta este ataque ocorreu através os rios, ataque este feito pelos hunos sob o comando de Átila. Em 440 d.C.,vindo do centro da Ásia, ele veio com seus milhares de soldados pelos grandes rios Reno e Danúbio, destruindo tudo o que encontravam pelo caminho. Os territórios banhados por estes rios e fontes constituíram o cenário das operações repentinas e efêmeras por parte das tropas de Átila. Essas incursões causaram enormes desolações e extensas carnificinas.
Átila cumpriu com fidelidade extrema cada sentença da profecia que lhe diz respeito. Sua ambição por conquistas lhe valeu o título de “flagelo de Deus”.
Átila gabava-se de que onde ele pisava a grama não mais crescia. Ele foi comparado a um meteoro fulgente, de brilhante trajetória, o qual aparece de repente e desaparece na mesma velocidade. Diz o texto bíblico que muitas pessoas morreriam das águas dos rios que se tornaram amargas como o absinto. O absinto é uma planta muito amarga e que exala um cheiro forte e penetrante. O emblema do absinto torna patente que a “grande estrela”, referindo-se simbolicamente a Átila, ao arrojar-se sobre a região prognosticada, acarretaria conseqüências amargas, como a destruição de importantes cidades localizadas na região do Rio Danúbio. Além disso, o terror das tropas comandadas pelo rei dos hunos obrigou os romanos a aceitar os elevados tributos estipulados por Átila em troca da paz.
Assim, a profecia apresenta um quadro com cenas horrorosas nunca dantes registradas e dos morticínios sem paralelo nos campos de batalha, em conseqüência do advento daquela estrela fulminante “ardendo como uma tocha” e amarga como “absinto”.
A QUARTA TROMBETA
“O quarto anjo tocou a sua trombeta, e foi ferida a terça parte do sol, a terça parte da lua, e a terça parte das estrelas; para que a terça parte deles se escurecesse, e a terça parte do dia não brilhasse, e semelhantemente a da noite.” Apocalipse 8:12.
Os toques das três primeiras trombetas sob Alarico, Genserico e Átila fizeram sacudir o império romano ocidental desde os seus alicerces. O implacável poder, que por séculos sujeitou as nações em suas garras de ferro, estava a ponto de sucumbir.
Agora, pela quarta trombeta, um outro homem entra em cena para cumprir os propósitos de Deus. Trata-se de Odoacro, rei da tribo germânica dos hérulos, um dos generais de Átila. Ele nasceu perto do Rio Danúbio, em território que hoje é parte da Alemanha.
A história registra que em 469 d.C. ele se pôs a serviço dos romanos como chefe de um exército de mercenários germânicos de estirpe hérula, quando se torna chefe dos contingentes bárbaros rebeldes. Em 476 d.C., sitiou e capturou Roma. Com a saída do general Orestes, depôs o imperador romano Rômulo Augústulo. Odoacro, no entanto, decidiu não nomear um sucessor ao imperador deposto. Em vez disso, enviou as insígnias imperiais ao imperador em Constantinopla, Zenão I, o qual aceitou a sua soberania sobre as terras do Ocidente, decretando assim oficialmente o fim do Império Romano do Ocidente.
A história de Roma remonta a 753 a.C., que se tornou república em 509 a.C.. Dominou o mundo de 168 a.C. a 476 d.C. De acordo com esta profecia, apenas a terça parte do Império é atingida para não mais brilhar. Por que isto? Porque o Império Romano do Oriente, também conhecido como “Império Bizantino”, continuou existindo até 1453 d.C., preservando os costumes da antiga Roma. Com a queda do Império Romano do Ocidente, no ano 476 d.C., sob a espada de Odoacro, deu-se por encerrada a história do que foi o cruel império de ferro. Fez-se noite completa no Ocidente Romano. Com o esfacelamento do Império Romano Pagão do Ocidente em 476 d.C., cumpriu-se a profecia de Daniel 2:40-43. Tudo indicava que o Império Romano deixaria de existir por completo. Não foi isto, porém, o que aconteceu. De acordo com a profecia, o ferro, simbolizado pela presença do poder romano, não seria totalmente extinto. Isto está em conformidade com Apocalipse 13:3: “Também vi uma de suas cabeças como se fora ferida de morte, mas a sua ferida mortal foi curada.” O que isto significa? Apesar de o Império Romano Ocidental ter sofrido forte impacto com os ataques dos povos bárbaros, o lado Oriental, porém, continuava ativo, tendo como capital, Constantinopla. Ali se deu continuidade ao antigo Estado Romano e foi o Império Romano Oriental, através o seu imperador, Justiniano, que a igreja cristã do Estado ou Roma religiosa ganhou força no cenário mundial. A história registra que em 533 d.C., Justiniano, imperador bizantino, outorgou poderes ao bispo de Roma, João II, considerando-o cabeça de todas as igrejas. Assim teve início a propagação do “cristianismo romano”, um falso movimento cristão que mudou a lei de Deus e corrompeu a terra com a sua idolatria. Foi a partir dessa época que se praticaram as mais terríveis atrocidades, tudo em nome de Deus.
III – O TOQUE DAS TRÊS ÚLTIMAS TROMBETAS
Após o quarto anjo tocar a sua trombeta, o profeta João viu e ouviu uma águia que “voando pelo meio do céu, dizia com grande voz: Ai, ai, ai dos que habitam sobre a terra! Por causa dos outros toques de trombeta dos três anjos que ainda vão tocar.” Apocalipse 8:13. Há de se destacar que as três últimas trombetas estão separadas entre si por um período de tempo maior do que as quatro primeiras. As três últimas trombetas, cada uma delas chamada pelo termo “ai” (Apocalipse 9:12), são mais severas do que as primeiras que já tinham soado.
A QUINTA TROMBETA - Apocalipse 9:1-12
Esta trombeta tem a ver com a propagação do islamismo por meio dos sarracenos, enfraquecendo as fortes investidas por parte do Império Romano Oriental. Os sarracenos era uma das formas com que o cristianismo romano da idade média designava os árabes ou os muçulmanos. Eles impuseram ao Império Romano Oriental o “primeiro ai”. A campanha de dominação do cristianismo romano foi um gravíssimo pesadelo para o mundo religioso durante a idade média.
Antes de analisarmos o contexto desta profecia, é importante entendermos alguns símbolos nela envolvidos:
a) GAFANHOTOS (Apocalipse 9:3): profeticamente significam exércitos, povos guerreiros, cavalos de guerra, etc., conforme Juízes 6:1,3 e 5; Joel 1:4-6; Jeremias 51:14, 27. Em Apocalipse 9, os gafanhotos representavam os muçulmanos. A religião islâmica iniciada por Maomé, pregava a guerra santa. Eles trouxeram o primeiro “ai” sobre o Império Romano Oriental, impedindo o avanço do cristianismo romano no oriente. Os muçulmanos são monoteístas, pois acreditam que Alá é o único deus do universo, bem diferentes do cristianismo romano, que acredita que Deus é composto por três deuses.
b) ESTRELA QUE DO CÉU CAIU NA TERRA (Apocalipse 9:1): Esta estrela é Maomé, o fundador do islamismo. Interessante que esta expressão também foi aplicada ao rei de Babilônia (Isaías 14:12-14).
c) A CHAVE DO POÇO DO ABISMO (Apocalipse 9:1): As palavras são simbólicas e significam o seguinte: O termo “chave” vem do grego “kleis”. Este mesmo vocábulo aparece em cinco outros textos do Novo Testamento (Mateus 16:19; Lucas 11:52; Apocalipse 1:18; Apocalipse 3:7; Apocalipse 20:1), e em todos é usado para exprimir “autoridade conferida”. Até Maomé, as tribos árabes viviam espalhadas pelo deserto sem qualquer organização política, religiosa e militar. A “chave” que lhe foi dada, portanto, é entendida como sendo a união dos árabes, fator que possibilitou suas conquistas. Em torno da religião criada por Maomé, a Arábia entrou para a História como uma das principais civilizações conhecidas.
d) O FUMO QUE SAIU DO POÇO ESCURECEU O SOL E O AR (Apocalipse 9:2): Esta profecia refere-se a propagação da religião criada por Maomé dentro do Império Romano. Estes termos simbólicos também foram aplicados quando da invasão da terra de Israel pelos Caldeus, a tomada da Babilônia pelos Medos e a futura invasão dos Citas na terra santa (Joel 2:9-10; Isaías13:1, 10 e 17; Ezequiel 38:9).
A quinta trombeta revela o cumprimento da ascensão e progresso dos árabes, cujo exército foi comparado a gafanhotos. O exército maometano varreu como numa enxurrada, terras onde o cristianismo romano havia dominado por mais de 300 anos. Mesmo comparando o exército maometano como gafanhotos e escorpiões, há perfeita harmonia nesta descrição profética:: “E da fumaça vieram gafanhotos sobre a terra; e foi lhe dado poder, como o poder que têm os escorpiões da terra.” Apocalipse 9:3. A rapidez das conquistas muçulmanas se assemelha a invasão dos gafanhotos e como os árabes são do deserto, a profecia os compara com os escorpiões, os quais preferem viver em lugares desertos e áridos
Os maometanos não eram saqueadores, como os conquistadores da Roma Ocidental. Quando as tribos árabes uniram-se para a propagação do islamismo através da guerra santa, depois da morte de Maomé ocorrida em 8 de junho de 632 d.C., o califa Abu-Bekr, seu sucessor, deu a seguinte ordem aos chefes de seu exército:
“Quando enfrentarem as batalhas pelo Senhor, comportem-se como homens, sem voltar as costas; mas não deixem a sua vitória ficar manchada com o sangue de mulheres e crianças. Não destruam as palmeiras, não queimem nenhuma plantação de milho. Não cortem as árvores, nem façam qualquer dano ao gado, exceto àqueles que vão comer.” Sir William Muir – The Caliphate, Its Rise, Decline and Fall, p. 65.
De uma maneira espetacular cumpriu-se a profecia: “Foi lhes dito que não fizessem dano à erva da terra, nem a verdura alguma, nem a árvore alguma, mas somente aos homens que não têm na fronte o selo de Deus. Foi lhes permitido, não que os matassem, mas que por cinco meses os atormentassem. E o seu tormento era semelhante ao tormento do escorpião, quando fere o homem.” Apocalipse 9:4 e 5.
A terra de Israel, depois da cristianização romana, passou por muitas transformações. Na Palestina e mais precisamente em Jerusalém, já a partir das primeiras décadas do quinto século, igrejas e mosteiros foram estabelecidos. Durante a Idade das Trevas a Palestina foi duramente atacada e tornou-se empobrecida e despovoada como conseqüência do conflito religioso. A profecia dá ênfase ao fato de que as hordas maometanas não deveriam atacar as pessoas que tinham nas suas testas o selo de Deus. Assim, o verdadeiro povo de Deus foi salvaguardado miraculosamente dos ataques dos exércitos sarracenos, por ter decidido não aceitar os falsos ensinamentos implantados pelo Sacro Império Romano, entre os quais se destacam a doutrina da trindade, a guarda do domingo e a adoração aos santos.
A contagem dos “cinco meses” proféticos teve seu início em 636 d.C., quando os árabes chegaram à Terra Santa. De acordo com os princípios de interpretação profética, 1 dia em profecia corresponde a 1 ano (Números 14:34 e Ezequiel 4:6). O mês bíblico possui 30 dias e assim cinco meses teriam 150 dias. Como 1 dia em profecia corresponde a 1 ano, temos 150 anos, que é o tempo concedido aos árabes muçulmanos para que atormentassem o Império Romano. Somando-se 150 anos a 636 d.C., chegaremos ao ano de 786 d.C., data em que os árabes cessaram de perturbar o mundo e começaram a manter relações amistosas com as nações não conquistadas. Nesta época o califa de Bagdá, Haroun al-Rashid (786-809 d.C.) inaugurou esta nova era, estabelecendo a paz com os romanos.
Diz mais a Palavra de Deus que “o parecer dos gafanhotos era semelhante ao de cavalos aparelhados para a guerra; e sobre as suas cabeças havia umas coroas semelhantes ao ouro; e os seus rostos eram como rostos de homens. E tinham cabelos como cabelos de mulheres, e os seus dentes eram como de leões. E tinham couraças de ferro; e o ruído das suas asas era como o ruído de carros, quando muitos cavalos correm ao combate.” Apocalipse 9:7-9.
No Manual Bíblico, p. 631 encontramos o seguinte comentário:
“O movimento maometano foi encabeçado por um exército implacável de ferozes cavaleiros, famosos pelas barbas e longos cabelos, como de mulheres, turbantes amarelos que pareciam de ouro, e férrea cota de malha.”
Ao contrário dos exércitos grego e romano e de outros povos, os árabes tinham na cavalaria a sua maior arma.
O primeiro “ai” e todos os seus desdobramentos expressos na quinta trombeta têm sido tremendos, considerando os seus danos causados ao Império Romano Oriental.
“Passado é já um ai; eis que depois disso vem ainda dois ais.” “Apocalipse 9:12.
A SEXTA TROMBETA - Apocalipse 9:13-21; 11:1-14
O ataque dos turcos contra o avanço do “cristianismo romano” pode ser entendido como o início do segundo “ai”. A primeira parte desta profecia descreve a queda de Constantinopla em 1453 d.C.
“O sexto anjo tocou a sua trombeta; e ouvi uma voz que vinha das quatro pontas do altar de ouro que estava diante de Deus, a qual dizia ao sexto anjo, que tinha a trombeta: Solta os quatro anjos que haviam sido preparados para aquela hora e dia e mês e ano, a fim de matarem a terça parte dos homens.” Apocalipse 9:13-15.
Os “quatro anjos” que deviam ser soltos no momento do toque da sexta trombeta representam simbolicamente os quatro principais sultanatos de que era formado o Império Turco ou Otomano situado na região banhada pelo rio Eufrates. Os quatro sultanatos são: O primeiro foi fundado em Bagdá, em 1055 d.C., por Tognelbeg; o segundo em Icônio, por Solimão; o terceiro em Damasco, por Tutusch; o quarto em Alepo, por Muslin. Após a sua fundação eles iniciaram suas investidas atravessando o Eufrates em meados do século XI. Este é o ponto de partida para a contagem de tempo da profecia que declara solenemente estarem os turcos preparados para a “hora, dia, mês e ano”, a fim de exercerem o seu domínio. Esta profecia tem o seguinte significado: Uma hora profética equivale a 15 dias; um dia profético equivale a 1 ano; um mês ou 30 dias proféticos, equivale a 30 anos; um ano ou 360 dias proféticos, equivale a 360 anos. Somando tudo temos 391 anos e 15 dias. Eles lutaram por quase quatro séculos, que foi o espaço de tempo previsto pela profecia para que dessem fim ao Império Romano no Oriente, com a tomada de Constantinopla em 1453 d.C. Durante os séculos XI a XIII desenvolveram-se também as chamadas guerras santas ou “As Cruzadas”, que eram expedições militares patrocinadas pelos cristãos do ocidente, por instigação da Igreja Romana,“que lhes fixava por alvo a libertação dos lugares santos ocupados pelos muçulmanos.” Grande Enciclopédia Larousse Cultural, p. 1715..
Para a tomada de Constantinopla, os turcos organizaram um grande exército. Diz a Palavra de Deus que “o número dos exércitos dos cavaleiros era de duas miríades de miríades; pois ouvi o número deles.” Apocalipse 9:16.
De acordo com o texto original, “duas miríades de miríades” é uma frase numeral indefinida, no entanto, parece indicar um número bastante grande. Não há números precisos, mas a história revela que Maomé II utilizou-se de um numeroso exército de guerreiros para derrubar Constantinopla no tempo determinado pela profecia.
“E assim vi os cavalos nesta visão; os que sobre eles estavam montados tinham couraças de fogo, e de jacinto, e de enxofre; e as cabeças dos cavalos eram como cabeças de leões; e de suas bocas saíam fogo, fumaça e enxofre. Por estas três pragas foi morta a terça parte dos homens, isto é, pelo fogo, pela fumaça e pelo enxofre, que saíam das suas bocas.” Apocalipse 9:17 e 18.
O exército turco empregou pela primeira vez o uso da pólvora e das armas de fogo para fins bélicos. Além das armas de fogo comuns, Maomé II tinha uma arma poderosa: o canhão. O cerco para derrubada de Constantinopla começou oficialmente em 6 de abril de 1453, quando o grande canhão disparou o primeiro tiro em direção a grande muralha que até então era imbatível. Mas como ela não havia sido construída para suportar ataques de canhões, em menos de uma semana a grossa muralha da cidade não resistiu a todo este arsenal. O cumprimento deste detalhe da profecia é verdadeiramente impressionante.
Estes últimos flagelos foram devastadores para o Império Romano Oriental. Mesmo assim, “os outros homens, que não foram mortos por estas pragas, não se arrependeram das obras das suas mãos, para deixarem de adorar aos demônios, e aos ídolos de ouro, de prata, de bronze, de pedra e de madeira, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar. Também não se arrependeram dos seus homicidas, nem das suas feitiçarias, nem da sua prostituição, nem dos seus furtos.” Apocalipse 9:20 e 21.
Devemos lembrar que estes juízos de Deus tinham como alvo o Império Romano Oriental. Centrado na sua capital Constantinopla, o império foi a continuação direta do antigo Estado Romano, caracterizado por uma igreja cristã do Estado. Mesmo tendo que encarar o terrível ataque dos turcos, como prêmio de seus pecados e de sua aborrecível idolatria, a igreja romana não se arrependeu.
No final da sexta trombeta o relógio de Deus marcaria o último período profético, quando ocorreram as mais cruéis perseguições contra o povo de Deus. Durante este período a Palavra de Deus descreve a exaltação das duas testemunhas no final dos 1260 anos proféticos. Elas iniciaram o seu testemunho em 538 d.C., quando o povo de Deus foge para o deserto, e terminaram em 1798 d.C., data em que houve o aprisionamento do líder da igreja romana. A respeito desse período é nos dito o seguinte: “E concederei às minhas duas testemunhas que, vestidas de saco, profetizem por mil duzentos e sessenta dias” Apocalipse 11:3.
As ações do povo de Deus em combater a idolatria e preservar a eterna lei do Senhor durante a idade média foram comparadas à atuação destas duas testemunhas, também identificadas como “profetas”, conforme Apocalipse 11:10, as quais no passado atormentaram os habitantes da terra. Não foi por um acaso que as duas testemunhas tiveram destaque durante o ministério de Jesus, ao serem vistas por três de Seus apóstolos em uma visão do futuro reino milenar de Cristo (ver Mateus 16:28; 17:1, 3 e 9). Com os mesmos ideais que as duas testemunhas tiveram quando enalteceram a eterna lei de Deus e quando combateram a idolatria, assim também o povo de Deus prossegue anunciando o verdadeiro Evangelho aos que habitam sobre a Terra.
Estas duas testemunhas foram:
ELIAS – Esta testemunha teria o “poder para fechar o céu, para que não chova durante os dias da sua profecia; ...” Apocalipse 11:6 (primeira parte). Comparar com I Reis 17:1 – “ Então Elias, o tisbita, que habitava em Gileade, disse a Acabe: Vive o Senhor, Deus de Israel, em cuja presença estou, que nestes anos não haverá orvalho nem chuva, senão segundo a minha palavra.” O profeta Elias tenazmente combateu a idolatria e a adoração aos falsos deuses.
MOISÉS – Esta testemunha teria o poder “sobre as águas para convertê-las em sangue, e para ferir a terra com toda sorte de pragas, quantas vezes quiserem.” Apocalipse 11:6 (última parte). Comparar com Êxodo 7:19 – “Disse mais o Senhor a Moisés: Dize a Arão: Toma a tua vara, e estende a mão sobre as águas do Egito, sobre as suas correntes, sobre os seus rios, e sobre as suas lagoas e sobre todas as suas águas empoçadas, para que se tornem em sangue; e haverá sangue por toda a terra do Egito.” O profeta Moisés recebeu as duas tábuas da LEI (Dez Mandamentos), escritas pelo próprio dedo de Deus e durante a sua vida defendeu o seu cumprimento.
Após as duas testemunhas serem exaltadas nos é dito: “E passado o segundo ai; o terceiro ai cedo virá.” Apocalipse 11:14.
Este texto bíblico deixa muito claro, portanto, que entre os toques da sexta trombeta (segundo “ai”) e a sétima trombeta (terceiro “ai”), haveria um período de espera. Tudo se encaixa perfeitamente, pois, de acordo com Apocalipse 10:11, haveria um tempo em que o remanescente povo de Deus receberia a incumbência de profetizar novamente a muitos povos, e nações, e línguas, e reis.
Deve-se destacar que durante esse período de espera, fatos de grande relevância ocorreriam neste nosso planeta, os quais teriam como objetivo sinalizar o breve retorno de nosso Senhor Jesus Cristo.
SÉTIMA TROMBETA – Apocalipse 11:15-19.
A sétima é também a última trombeta que sinaliza o “terceiro ai”. Ela anunciará a queda de todos os reinos do mundo e a volta de Cristo. Esta é a maravilhosa e inconfundível certeza: “Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do Seu Cristo, e Ele reinará pelos séculos dos séculos.” “Apocalipse 11:15.
No auge da última e decisiva guerra do Armagedom, todos os inimigos de Deus serão aniquilados e os reinos do mundo entregues ao nosso Senhor Jesus Cristo. O Apocalipse confirma a presença e atuação do dragão, da besta e do falso profeta nesta última batalha (Apocalipse 16:13 e 14; 19:11-21).
O apóstolo Paulo diz: “Eis aqui vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis. E nós seremos transformados.” I Coríntios 15:51 e 52.
Aos tessalonicenses o apóstolo Paulo tem declarado o seguinte: “Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro.” I Tessalonicenses 4:16.
Portanto, ao soar a última trombeta, os justos mortos serão ressuscitados e os justos vivos serão transformados.
O profeta Daniel assim descreve esse grandioso evento, ao revelar o sonho do rei Nabucodonosor: “Estavas vendo isto, quando uma pedra foi cortada, sem auxílio de mãos, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou. Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a pragana das eiras no estio, e o vento os levou, e não se podia achar nenhum vestígio deles; a pedra, porém, que feriu a estátua se tornou uma grande montanha, e encheu toda a terra. ...Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; nem passará a soberania deste reino a outro povo; mas esmiuçará e consumirá todos esses reinos, e subsistirá para sempre.” Daniel 2:34, 35 e 44.
IV – CONCLUSÃO
Cenas impressionantes estão diretamente ligadas ao som de cada trombeta. As primeiras seis trombetas anunciaram e realizaram a queda do Império Romano Ocidental e Oriental, pelos visigodos, vândalos, hunos, hérulos, árabes e turcos. Ao soar a sétima trombeta “abriu-se o santuário de Deus que está no céu, e no seu santuário foi vista a arca do seu pacto; e houve relâmpagos, vozes e trovões, e terremotos e grande saraiva.” Apocalipse 11:19. Esta cena é descrita novamente quando o sétimo anjo for derramar a sua taça no ar: “...e saiu uma grande voz do santuário, da parte do trono, dizendo: Está feito. E houve relâmpagos e vozes e trovões; houve também um grande terremoto, qual nunca houvera desde que há homens sobre a terra, terremoto tão forte quão grande; ...e sobre os homens caiu do céu uma grande saraivada, pedras quase do peso de um talento; e os homens blasfemaram de Deus por causa da praga da saraivada, porque a sua praga era mui grande.” Apocalipse 16:17-21.
Os textos de Apocalipse 11:19 e Apocalipse 16:17-21 tratam do mesmo evento. Ao som da sétima trombeta dar-se-á a volta de nosso Senhor Jesus, a queda total das nações, a recompensa dos santos e a implantação do Reino Milenar de Cristo.