Imortalidade condicional

O Estado Do Homem Após A Morte (Parte II)

I – INTRODUÇÃO

Deus criou o ser humano à Sua própria imagem, pretendendo que ele refletisse Seus atributos, imitasse Seu amor e bondade, e governasse este planeta com o mesmo cuidado com que Ele o faria. Deus concedeu a Adão e Eva a liberdade de decisão, ou seja, a capacidade de fazer suas escolhas. Eles poderiam obedecer ou deixar de fazê-lo, e a continuação de sua existência dependeria de obediência ininterrupta através do poder de Deus. Depois de criar o homem e a mulher, a Bíblia diz que Deus os abençoou e lhes disse: “Frutificai e multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra.” Gênesis 1:28. Também diz que Deus tomou o homem “e o pôs no jardim do Éden, para o lavrar e guardar.” Gênesis 2:15.

Porém, nalguma parte do jardim do Éden, Deus fez crescer uma árvore, cujo fruto lhes negou e estabeleceu as condições, ordenando o seguinte: “De toda a árvore do jardim podes comer livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Gênesis 2:16-17.

Contradizendo a afirmativa divina de que a desobediência acarretaria a morte, Satanás falou a Eva o seguinte: “Certamente não morrerás”. Gênesis 3:4. Carecendo de apreço para com a bondade de Deus, Adão e Eva desobedeceram à ordem do Criador. Eles comeram do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal e como conseqüência a morte passou a todos os homens (Romanos 5:12). O seu pecado lhes trouxe uma terrível sentença: “Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás.” Gênesis 3:19.

Depois de pronunciar essa sentença, Deus os privou do acesso à árvore da vida, para que não pudessem comer e viver eternamente (Gênesis 3:22). Ao pecar, o homem perdeu o direito à imortalidade, e em harmonia com o decreto divino, ficou sujeito à morte. Mas Cristo veio para salvar o homem da punição da segunda morte. No devido tempo, na Sua segunda vinda, o Senhor Jesus irá conferir vida eterna aos que Lhe são fiéis.

II – O QUE É A MORTE?

A morte é um estado de inconsciência enquanto a pessoa aguarda a ressurreição. A Bíblia identifica repetidamente esse estado intermediário como um sono. Jó identificou a morte como um sono: “O homem, porém, morre e se desfaz; sim, rende o homem o espírito, e então onde está? Como as águas se retiram de um lago, e um rio se esgota e seca, assim o homem se deita, e não se levanta; até que não haja mais céus não acordará nem será despertado de seu sono.” Jó 14:10-12.

Em outras passagens do Antigo Testamento a morte é descrita da seguinte maneira:

“Considera e responde-me, ó Senhor, Deus meu; alumia os meus olhos para que não durma o sono da morte.” Salmos 13:3.

“E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.” Daniel 12:2.

“Depois Davi dormiu com seus pais, e foi sepultado na cidade de Davi.” I Reis 2:10.
Em muitos outros textos a mesma palavra é empregada: I Reis 11:43; I Reis 14:20; I Reis 14:31; I Reis 15:8; II Crônicas 21:1; II Crônicas 26:23.

No Novo Testamento são utilizadas as mesmas figuras. Ao descrever a condição da filha de Jairo, que estava morta, Jesus disse que ela estava dormindo:

‘Retirai-vos; porque a menina não está morta, mas dorme. E riam-se dEle.” Mateus 9:24 e Marcos 5:39.

O Senhor Jesus referiu-Se a Lázaro, já morto, da mesma maneira:

“E, tendo assim falado, acrescentou: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou desperta-lo do sono. Disseram-lhe, pois, os discípulos: Senhor, se dorme, ficará bom. Mas Jesus falara da sua morte; eles, porém, entenderam que falava do repouso do sono. Então Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu.” João 11:11-14.

Ao registrar o martírio de Estevão, o autor do livro de Atos disse que ele “adormeceu”:

“E pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. Tendo dito isto, adormeceu.” Atos 7:60.

Tanto Paulo quanto Pedro também fizeram referência à morte como um sono:

“Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, e nós seremos transformados.” I Coríntios 15:51-52.

“Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais como os outros que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, assim também aos que dormem, Deus, mediante Jesus, os tornará a trazer juntamente com ele.” I Tessalonicenses 4:13-14.

“Onde está a promessa da Sua vinda? Porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação.” II Pedro 3:4.

III – NATUREZA DO HOMEM NA MORTE

As Escrituras Sagradas nos revelam que a morte ocasiona a cessação da consciência. Isto quer dizer que na morte o homem está sem consciência. Ele não tem vida. A morte atinge o homem todo. Eis como as Escrituras Sagradas falam dos mortos:

“Os mortos não sabem coisa alguma, ...porque a sua memória ficou entregue ao esquecimento.” Eclesiastes 9:5.

“Que proveito haverá no meu sangue, se eu descer à cova? Porventura te louvará o pó? Anunciará ele a tua verdade?” Salmos 30:9.

“Porque na morte não há lembrança de Ti, no sepulcro quem Te louvará?” Salmos 6:5

“Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio.” Salmos 115:17.

“Sai-lhe o espírito, e ele volta para a terra; naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos.” Salmos 146:4.

“Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco eles têm jamais recompensa, mas a sua memória ficou entregue ao esquecimento. Até o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram e já não têm parte alguma neste século, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.” Eclesiastes 9:5-6.

“Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma.” Eclesiastes 9:10.

Quando uma pessoa morre, quebra-se a união harmoniosa que havia entre o pó da terra e o fôlego da vida e isso é verdadeiro para todos, tanto justos quanto ímpios:

“E o pó volte para a terra como o era, e o espírito volte a Deus que o deu.” Eclesiastes 12:7.

Isto significa que o corpo (matéria) que é barro, volta ao pó, mas o fôlego de vida (aqui traduzido por espírito) volta a Deus, que é o autor da vida e sem este fôlego o homem morre:

“Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.” Tiago 2:26.

A popular idéia de que os justos ao morrerem vão para o céu, não tem base bíblica. O apóstolo Pedro afirma que “Davi não subiu aos Céus.” Atos 2:34. Ele e os demais justos mortos receberão a imortalidade na ressurreição, quando ouvirão a voz do Filho de Deus.
Talvez as mais eloqüentes palavras quanto à natureza de uma pessoa na morte sejam estas, escritas por Moisés:

“Tu os arrastas na torrente, são como um sono, como a relva que floresce de madrugada; de madrugada, viceja e floresce; à tarde, murcha e seca.” Salmos 90:5-6.

IV – É O HOMEM IMORTAL?

A Bíblia, em nenhuma parte, declara que o homem é imortal e nem que possua uma entidade capaz de existir independentemente do corpo. Muitos equivocadamente ensinam que o homem possui uma alma e que esta alma é imortal. As Escrituras Sagradas, no entanto, afirmam que o homem é uma alma vivente (ver Gênesis 2:7), com todas as suas faculdades físicas e mentais e elas ensinam também que “a alma que pecar essa morrerá.” Ezequiel 18:4. Nada existe no homem, pois, que sobreviverá à morte. Se houvesse nele uma entidade imortal, estaria anulado o decreto divino: “Certamente morrerás.” Gênesis 2:17. A morte atinge todo o homem.

A palavra “imortal” é mencionada nas Escrituras Sagradas apenas uma única vez e neste caso único, o termo é aplicado a Deus:

“Ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus.” I Timóteo 1:17.

No entanto, o termo “imortalidade”, freqüentemente usado pelos que crêem na existência de uma alma imortal, aparece apenas quatro vezes. As passagens bíblicas que contêm a palavra “imortalidade” são as seguintes:

1. “E que agora se manifestou pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual destruiu a morte, e trouxe à luz a vida e a imortalidade pelo evangelho.” II Timóteo 1:10.

Por meio desta passagem bíblica ficamos sabendo que Cristo trouxe a imortalidade pelo evangelho. A única dedução que daqui podemos tirar é que, longe de ser a imortalidade uma natural possessão de todos os homens, é ela uma das boas coisas tornadas possíveis por meio do evangelho. O apóstolo Paulo escreveu: “O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus.” Romanos 6:23. Para que precisaríamos este dom, se já possuímos alma imortal? E mais: Que retribuirá a cada uma segundo as suas obras; a saber: a vida eterna aos que, com perseverança em fazer o bem, procuram glória, e honra e incorrupção.” Romanos 2:7. Assim, se somos exortados a buscar a imortalidade, uma vida que não conhece fim, devemos concluir que não possuímos presentemente tal vida.

2. “Num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade.” I Coríntios 15:52-53.

Esta passagem leva-nos ao tempo quando receberemos a imortalidade. O tempo é por ocasião da “última trombeta”, quando ocorrerá a segunda vinda do Messias. Porque o apóstolo Paulo haveria de falar de sermos revestidos da imortalidade numa data ainda futura, se já a possuímos?

3. “Mas, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória.” I Coríntios 15:54

A mudança de mortalidade para imortalidade ocorrerá instantaneamente na segunda vinda do Messias.

4. “Aquele que possui, Ele só, a imortalidade, e habita em luz inacessível; a quem nenhum dos homens tem visto nem pode ver; ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém.” I Tímóteo 6:16.

Este texto nos apresenta à Deus como sendo o único que possui a imortalidade e ao mesmo tempo liquida a questão de um modo totalmente conclusivo.

V – UM RAIO DE ESPERANÇA
Há esperança para nós seres humanos sujeitos à morte? As Escrituras Sagradas dizem que sim, graças ao grandioso amor de Deus:

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16.

Apenas duas situações são claramente apresentadas neste texto sagrado:
a) Morte eterna: (o verbo “perecer” significa: deixar de existir, morrer)

Quem aceitar o sacrifício expiatório de Jesus, sobre eles a segunda morte não terá poder: “E todo o que vive e crê em Mim, não morrerá eternamente.” João 11:26. “Bem aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com Ele durante os mil anos.” Apocalipse 20:6. De acordo com as Escrituras Sagradas, haverá uma segunda morte (ver Apocalipse 20:14 e 21:8).

b) Vida eterna
Os que crêem em Cristo viverão. Jesus disse que “quem crê em Mim, ainda que morra, viverá.” João 11:25. O dia virá que os mortos se erguerão dos túmulos. É ainda o Senhor Jesus que fala: “Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a Sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição da condenação.” João 5:28-29.
A “ressurreição da vida” ou primeira ressurreição deverá ocorrer na segunda vinda de Jesus, quando os justos receberão o galardão da vida eterna (ver I Tessalonicenses 4:16). A “ressurreição do juízo” ou segunda ressurreição ocorrerá após o milênio, quando os ímpios serão julgados segundo as suas obras e serão punidos com a segunda morte (ver Apocalipse 20:4,5 e 14).

A ressurreição dos mortos e o recebimento da imortalidade pelos que mediante Cristo vencerem o pecado, dar-se-á no dia final da história, quando Jesus voltar. Os justos mortos O aguardam no silêncio dos túmulos, entregues ao sono da morte. Mas ao voltar Jesus, eles ressuscitarão para receber a vida eterna:

“De fato a vontade de Meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nEle crer, tenha a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia.” João 6:40.

VI – CONCLUSÃO

Satanás foi o primeiro a defender a imortalidade quando disse a Eva: “Certamente não morrereis.” Gênesis 3:4. Esta declaração está em contraste com o que Deus disse: “Certamente morrerás.” Gênesis 2:17. Os que crêem na imortalidade da alma, seguem o ensinamento de Satanás e anulam a finalidade da ressurreição de Jesus e o plano de salvação de Deus. Felizmente a recompensa para a vida eterna só será alcançada pelos méritos de Cristo e se concretizará na Sua segunda vinda. Somente os vencedores é que terão a imortalidade como galardão e serão incorruptíveis para todo o sempre.