A Lei Sob Ataque

A Lei de DEUS (Parte VI)

I – INTRODUÇÃO

O nosso Criador tinha como propósito dar ao ser humano uma vida plena de felicidade. Ele preparou um ambiente maravilhoso para os nossos primeiros pais, com muitas árvores agradáveis à vista e outras produzindo frutos para a sua saúde. A convivência dos seres humanos era para ser harmoniosa não somente entre si, mas também para com os animais e plantas. Em cada detalhe de Sua criação estava escrito o amor de Deus.

Através os alegres trinos dos passarinhos, as flores com as suas mais variadas tonalidades, Deus tem testificado a Sua terna e paternal solicitude para com os Seus filhos.

Para que esta felicidade pudesse perdurar, Deus ordenou aos nossos primeiros pais um simples mandamento:

“...De toda árvore do jardim podes comer livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal , dessa não comerás; porque no dia que dela comeres, certamente morrerás.” Gênesis 2:16-17.

A preservação de uma vida plena no planeta estava dependendo exclusivamente da obediência a este único mandamento. No entanto, a Bíblia diz que “a serpente era o mais astuto de todos os animais do campo, que o Senhor Deus tinha feito. ...Disse a serpente à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal.” Gênesis 3:1-5.

A serpente é identificada pela Palavra de Deus como sendo o diabo ou Satanás (ver Apocalipse 20:2). O diabo, ao usar a sua criatividade e a sua habilidade para enganar, fez com que o primeiro casal desobedecesse a esse simples mandamento. Esse pecado ocasionou ruína e caos ao planeta Terra, atingindo diretamente todos os seres humanos, animais e plantas.

O Senhor Jesus disse que o diabo “nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira.” João 8:44.

A mentira consiste em rejeitar a verdade de Deus. Sobre os mentirosos está escrito: "Pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira..." Romanos 1:25. E está escrito também que “nenhuma mentira vem da verdade.” I João 2:21.

A verdade de Deus é a Sua Palavra e a Sua Lei (ver Salmos 119:160 e Salmos 119:142). Ao longo dos séculos, valendo-se de homens envolvidos por vãs filosofias, Satanás vem trabalhando incansavelmente para alcançar o seu maior desígnio, que é destruir a verdade de Deus. As perniciosas influências de uma teologia de feitura puramente humana estão deixando o povo distante da Lei de Deus e dos grandes ensinos fundamentais das Escrituras Sagradas.

II – A APOSTASIA PREDITA POR DEUS

Ao longo da história, o inimigo de Deus vem lutando a fim de desvirtuar a verdade de Deus e para alcançar esse objetivo, ele usa todos os métodos possíveis: engana, fascina, mente, esconde, disfarça e, quando isso não dá certo, persegue, violenta, mata e destrói.

Nos primeiros séculos, durante o Império Romano, a Igreja de Deus atravessou períodos de extremas perseguições. Primeiramente sob o reinado de Nero em 64 a 68 AD; depois sob as mãos dos Imperadores Décio em 250 AD e Diocleciano no período de 303 a 313 AD.

O capítulo 7 de Daniel fala de quatro grandes bestas, identificadas como sendo os impérios de Babilônia, Medo-Persa, Grécia e Roma. O que tem chamado atenção é a aparência do quarto animal, uma figura representativa do Império Romano. Ele é descrito como um animal terrível e espantoso e que deste animal sairia um poder religioso apóstata que “proferirá palavras contra o Altíssimo, e consumirá os santos do Altíssimo; cuidará em mudar os tempos e a lei”. Daniel 7:25.

O surgimento desse poder religioso apóstata deu-se por vários motivos e um deles em função da apostasia que imperceptivelmente começou a contaminar a pureza da doutrina bíblica que se mantivera intacta durante o primeiro século.

O apóstolo Paulo, durante o discurso aos anciãos da igreja de Éfeso, predisse uma das mais claras e certamente mais tristes profecias do Novo Testamento concernentes à história da Igreja:

“Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes que não pouparão o rebanho. E que, dentro de vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles.” Atos 20:29-30.

Ao escrever a sua segunda carta à Igreja de Corinto, o apóstolo Paulo volta a enfatizar a respeito desses falsos mestres:

“Pois os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, disfarçando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, porquanto o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz. Não é muito, pois, que também os seus ministros se disfarcem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras.” II Coríntios 11:13-15.

Quanto mais a Igreja era perseguida, mais ela crescia. Com muita astúcia, no auge das perseguições, o inimigo de Deus fez surgir no cenário político um Imperador pagão, por cujo intermédio as portas para a apostasia definitivamente foram abertas. O impensável aconteceu: Constantino, o novo Imperador de Roma, embora tendo de um lado apoiado os seguidores de Cristo, por outro lado exibia com orgulho um medalhão no qual atribuía a sua libertação de Roma ao deus-Sol Invictus. A história registra que Constantino “conservou o título de ‘Pontifex Maximus’, ou sumo sacerdote da religião do Estado.” Depois de Jesus, O Triunfo do Cristianismo, p. 212.


III – A MUDANÇA DA LEI DE DEUS

Até o surgimento do Imperador Constantino, o primitivo povo de Deus era uma minoria ilegal, forçado a se defender das influências e acusações dos pagãos. A primeira providência do Imperador Constantino foi mudar as relações entre a Igreja e o Estado. Em fevereiro de 313 AD, através o Edito de Milão, todos os decretos anticristãos foram revogados, chegando ao fim a era das perseguições por parte do Império Romano. O objetivo do Imperador Constantino era manter-se no poder através o apoio popular, unindo pagãos e cristãos.

Após a consolidação da união entre Igreja e Estado, sob o comando central do Imperador Constantino, o inimigo de Deus conseguiu o que queria, isto é, corromper a pureza da doutrina cristã com padrões filosóficos de origem pagã. Criou-se uma única religião estatal, que daria apoio à autoridade imperial. Assim, o antigo Estado Romano, constituído pelo Senado e pela Assembléia Popular, deixou de existir, dando lugar ao novo regime, que por muitos séculos governaria tanto o ocidente como o oriente. Com a formação desta igreja apóstata, uma grande parte do povo de Deus desviou-se dos ensinamentos das Sagradas Escrituras e contaminou-se com uma montanha de tradições humanas e costumes pagãos. Por outro lado, uma minoria da Igreja de Deus, sem se envolver com o paganismo, vivendo clandestinamente, continuava fiel aos ensinamentos de Deus e por Ele sendo preservada..

Em estudos anteriores vimos que a Lei de Deus permaneceu intacta desde a criação. No novo pacto assumido com o povo de Deus, Jesus teve nenhuma intenção de mudar a Lei de Deus. Em Seu primeiro discurso Ele disse: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que até que o céu e a Terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido. Qualquer pois que violar um destes mais pequenos mandamentos, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos Céus.” Mateus 5:17-19.

A mudança da Lei dos Dez Mandamentos não foi autorizada por Deus e também não foi alterada por nenhum dos profetas, nem por Jesus e nem pelos apóstolos. A Bíblia não registra qualquer alteração, por isso, a responsabilidade dessa mudança deve-se buscar em outro lugar.

De acordo com os registros históricos, no ano 321 AD, o Imperador Constantino, o Grande, ordenou por lei a mudança da observância do dia de repouso. Ele oficializou o domingo como dia santo e pôs em vigor aquilo que poderia chamar-se as primeiras leis do mundo sobre moral pública. O edito proclamava o seguinte:

“Todos os juízes, pessoas da cidade e artesões devem descansar no dia venerável ao Sol. Mas pessoas do campo podem sem objeções dedicar-se à agricultura, pois muitas vezes acontece ser este o dia mais favorável para semear cereais ou plantar vinhas.” Depois de Jesus – O Triunfo do Cristianismo, p. 239.

Mesmo não tendo base bíblica para efetuar esta mudança, prevaleceu a autoridade da igreja apóstata que “influenciou a decisão de Constantino para fazer do domingo um dia de repouso para todo o império.” Do Sábado para o Domingo, Volume V, p. 61.

Perguntamos: Sendo o domingo uma instituição eclesiástico-imperial, como pode ser imposta aos cristãos em forma de preceito divino? Quanto a isto o Senhor Jesus adverte-nos, ao lembrar as palavras proferidas por Deus: “Mas, em vão Me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.” Mateus 15:9.

Mas por que o inimigo de Deus substituiu o Sábado (sétimo dia) pelo domingo (primeiro dia)? A resposta a esta pergunta encontra-se no próprio mandamento do Sábado, porque todo o homem que aceita o Sábado como dia de repouso divino e o observa conforme preceitua a Lei, está adorando a Deus como Criador dos céus e da Terra. Ao mesmo tempo expressa a suprema autoridade de Deus, pois Ele é o Autor da Lei dos Dez Mandamentos, por isso ela é eterna, inalterável, insubstituível e todos os seus preceitos de obrigação indiscutível para todo o ser humano.

O Sábado identifica o Deus Criador:

“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado e o santificou.” Êxodo 20:8-11.

De acordo com a profecia, o ataque à Lei de Deus seria deflagrado pela igreja apóstata, através o seu dignitário eclesiástico. Segundo as palavras do apóstolo Paulo, ao vir a apostasia, seria “revelado o homem do pecado, o filho da perdição, aquele que se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de adoração, de sorte que se assenta no santuário de Deus, apresentando-se como Deus.” II Tessalonicenses 2:3-4.

Significa que o líder da igreja apóstata atribui a si o direito de supremacia contra tudo o que se chama Deus ou revela o nome de Deus, apresentando-se então como autoridade suprema em lugar de Deus. A fim de exercer essa autoridade, era imprescindível que este poder afastasse da Lei de Deus o preceito que expressa a suprema autoridade de Deus, substituindo-o por um dia de adoração ao deus-sol.

As mudanças da Lei de Deus tiveram conseqüências profundas. A igreja apóstata fez com que o povo passasse a adorar um deus triúno em lugar de adorar o único e verdadeiro Deus de Israel. A ordem de Jesus que dizia: “Está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele servirás” (Lucas 4:8), passou a ser desrespeitada quando os pretensos cristãos adoraram imagens e esculturas de santos. Também foi retirado da Lei de Deus, por exclusiva autoridade da igreja apóstata, o mandamento que proíbe fazer imagens de escultura e de se encurvar perante elas (ver Êxodo 20:4-6).

O inimigo de Deus conseguiu atingir os seus desígnios: anular a adoração e a obediência devidas unicamente a Deus como Criador.


IV – CONCLUSÃO

Na medida em que crescia o poder do líder da igreja apóstata, as trevas espirituais tornavam-se mais densas. Fez com que a Palavra de Deus deixasse de ser o centro da vida e base de fé e passasse a ser substituída por tradições humanas e mandamentos de homens. Eram exigidos dos fiéis, longas peregrinações, obras de penitência, adoração a imagens de escultura, construção de templos e doação de elevadas quantias de dinheiro. A verdadeira adoração a Deus e a obediência pura à Sua Palavra foram sendo esquecidas.

Nos dias atuais a eterna Lei de Deus ainda continua sendo duramente atacada. O ataque, por si só, é uma evidência de que a Lei continua sendo significativa dentro do plano da salvação.

Ao longo dos séculos o povo de Deus tem sofrido perseguições por causa da obediência às Sagradas Escrituras e à Lei de Deus. A esse respeito o profeta João escreveu o seguinte:

“E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra aos demais filhos dela, os que guardam os mandamentos de Deus, e mantêm o testemunho de Jesus.” Apocalipse 12:17.

A Igreja de Deus fundamenta seus ensinos não em tradições humanas, mas na Bíblia, que é a Palavra de Deus. Ela nunca se corrompeu com as doutrinas da igreja apóstata. Em todas as épocas ela permaneceu pura, sendo preservada e alimentada por Deus (ver Apocalipse 12:6). Esse povo é considerado o verdadeiro remanescente fiel.

Para os que aceitam o Evangelho Eterno e adoram a Deus como Criador dos céus e da Terra, está escrito:

“Aqui está a paciência dos santos, daqueles que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.” Apocalipse 14:12.

A Lei é um reflexo do santo caráter de Deus e os que a observam são nesta profecia chamados de “santos” e possuidores da fé de Jesus.