O nascimento do Messias ocorreu em 25 de dezembro?
Jesus – O Prometido Messias (Parte IV)
I – INTRODUÇÃO
O cristianismo celebra a data de 25 de dezembro como o dia do nascimento do Senhor Jesus. Será que esta tradição cristã tem apoio bíblico? Quando foi instituída esta data? Muitos símbolos foram introduzidos nesta comemoração. Estes símbolos têm verdadeiramente alguma relação com o nascimento de Jesus? Estas e outras perguntas intranqüilizam muitos sinceros estudiosos das Escrituras Sagradas, muito especialmente aqueles que desejam de todo coração obedecer a Deus.
Além disso, muitos sinceros cristãos aproveitam a oportunidade para lançar descrédito sobre a Palavra de Deus. Segundo eles algumas histórias relatadas pelos quatro evangelistas não se encaixam, por isso preferem colocar dúvidas sobre a veracidade dos fatos. No entanto, por não conhecerem a história e a própria Bíblia, acabam tirando conclusões totalmente desconexas e infundadas.
O objetivo deste estudo é:
a) mostrar o que realmente aconteceu na época do nascimento de Jesus, o prometido Messias;
b) dar ênfase a todos os detalhes da história;
c) dar credibilidade aos escritos sagrados;
d) mostrar como todos os fatos relatados pelos evangelistas encaixam-se harmoniosamente.
II – COMO É O CLIMA EM DEZEMBRO NO ORIENTE MÉDIO?
Quando o cristianismo, por volta do IV século, estabeleceu 25 de dezembro como sendo a data aproximada do nascimento do Senhor Jesus, não se imaginou que um dia a mentira seria totalmente desmascarada. O clima da região é a grande prova para derrubar mais esse artifício montado pelo inimigo de Deus.
Quando nosso Senhor Jesus nasceu, os pastores estavam no campo, durante as vigílias da noite, guardando os rebanhos pelos quais eram responsáveis:
“E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz. E deu à luz o seu filho primogênito, e envolveu-O em panos, e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem. Ora, havia, naquela mesma comarca, pastores que estavam no campo e guardavam durante as vigílias da noite o seu rebanho.” Lucas 2:6-8.
Como os pastores poderiam estar no campo em dezembro, guardando seus rebanhos durante as vigílias da noite, se o inverno na região começava no início de novembro e se estendia até março ou abril do ano seguinte? No livro “Jesus e Sua época” impresso pela Seleções do Reader’s Digest, p. 26, esta questão é levantada pelos historiadores:
“Durante os meses do inverno (geralmente de novembro até a Páscoa), quando os pastos minguavam e a chuva e o frio se tornavam ameaças graves, as ovelhas não mais podiam permanecer ao relento e eram reunidas num abrigo. Mas Lucas menciona os pastores ‘que viviam nos campos e montavam guarda durante a noite junto a seu rebanho’; conseqüentemente, é muito provável que a data tradicional do Natal esteja errada.” (grifo nosso).
No Oriente Médio, em dezembro, temos a estação das chuvas, a considerada estação de inverno. Nesta época faz muito frio. Por isso, os pastores tinham que ter seus rebanhos recolhidos e abrigados e não soltos nos campos.
O nosso mês de dezembro corresponde ao nono mês do calendário hebraico, chamado de “quisleu”. Essa informação é muito importante, pois ela servirá de base para a elucidação de alguns fatos mal interpretados. Lemos em Zacarias 7:1 o seguinte:
“Aconteceu, pois, no ano quarto do rei Dario, que a palavra do Senhor veio a Zacarias, no dia quarto do nono mês, em quisleu.” Zacarias 7:1.
A Bíblia confirma que havia chuvas neste mês:
“Então, todos os homens de Judá e Benjamim, em três dias, se ajuntaram em Jerusalém; era o nono mês, no dia vinte do mês; e todo o povo se assentou na praça da Casa de Deus, tremendo por este negócio e por causa das grandes chuvas.” Esdras 10:9.
A Bíblia também confirma que fazia muito frio neste mês:
“Estava, então, o rei assentado na casa de inverno, pelo nono mês; e estava diante dele um braseiro aceso.” Jeremias 36:22.
III – SERIA CORRETO CONVOCAR UM RECENSEAMENTO NUM MÊS DE MUITAS CHUVAS E MUITO FRIO?
Nos dias do nascimento de Jesus, César Augusto convocou, por decreto, a todos do império para que fossem recensear-se:
“Naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto, convocando toda a população do império para recensear-se. Este, o primeiro recenseamento, foi feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. José também subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, para a Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém, por ser ele da casa e família de Davi, a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida.” Lucas 2:1-5.
O cristianismo celebra o nascimento de Jesus em dezembro. É um mês de muito frio e de muitas chuvas. Como poderia um governador marcar um recenseamento numa época tão inadequada para a ocasião?
Além disso, o que os pastores estariam fazendo com seus rebanhos no campo num tempo de chuvas e frio?
Devemos considerar ainda alguns fatores:
• Nazaré, ao norte da Galiléia, está a 140 km de Belém, cidade localizada ao sul da Judéia, próximo de Jerusalém;
• As condições das estradas eram precárias;
• Camelos ou burricos eram os meios de transporte disponíveis.
Seria muito difícil um recenseamento nestas condições, num período de chuvas.
IV – E QUANTO AOS PASTORES E OS REIS MAGOS. ESTAVAM ELES JUNTOS AO LADO DA MANJEDOURA COM JESUS?
A tradição diz que junto à manjedoura estiveram os pastores, os reis magos e os animais. O que mostra a Bíblia?
“E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz. E deu à luz o seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem. Ora, havia naquela mesma comarca, pastores que estavam no campo e guardavam durante as vigílias da noite o seu rebanho. E eis que um anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo, pois na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador que é o Cristo, o Senhor. E isto vos será por sinal: achareis o menino envolto em panos e deitado numa manjedoura. E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas alturas, paz na terra. Boa vontade para com os homens. E aconteceu que, ausentando-se deles os anjos para os céus, disseram os pastores uns aos outros: Vamos, pois, até Belém e vejamos isso que aconteceu e que o Senhor nos fez saber. E foram apressadamente e acharam Maria, e José, e o menino deitado na manjedoura.” Lucas 2:6-16.
O texto mostra-nos com clareza que somente os pastores, aqueles mesmos que estavam no campo no dia do nascimento do Senhor Jesus, foram visitá-Lo na manjedoura, encontrando lá, José e Maria juntamente com seu filho Jesus. Então, onde estavam os magos? Aliás, eles eram reis ou magos? E quantos eram? Estas questões serão analisadas mais adiante.
V – O CUMPRIMENTO DA LEI
Oito dias após o nascimento, Jesus foi circuncidado, de acordo a lei hebraica:
“E no dia oitavo se circuncidará ao menino a carne do seu prepúcio.” Levítico 12:3.
“Quando se completaram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser concebido.” Lucas 2:21.
Mas, como nos lembra o evangelista Lucas, também havia outros rituais associados ao nascimento. Maria, mãe de Jesus, de acordo com as prescrições, tinha de se abster de todas as celebrações religiosas por quarenta dias, e nos primeiros sete dias era considerada impura:
“Fala aos filhos de Israel, dizendo: Se uma mulher conceber e tiver um menino, será imunda sete dias; assim como nos dias impureza da sua enfermidade, será imunda. ...Depois permanecerá ela trinta e três dias no sangue da sua purificação; em nenhuma coisa sagrada tocará, nem entrará no santuário até que se cumpram os dias da sua purificação.” Levítico 12:2 e 4.
Terminado esse período, a pequena família percorreu oito quilômetros rumo ao norte, distância que separava Belém de Jerusalém, para cumprir os rituais de purificação e oferecer um sacrifício no Templo. Neste admirável local de culto, Jesus, sendo o primogênito, foi apresentado a Deus de acordo com a lei que obrigava os judeus a oferecerem o primogênito do sexo masculino para comemorar a intervenção divina que poupara os filhos dos israelitas na chacina dos primogênitos egípcios, à época do Êxodo. Além, disso, a lei exigia que Maria trouxesse um casal de pombos ou um par de rolas para ser sacrificado:
“Terminados os dias da purificação, segundo a lei de Moisés (Levítico 12:6), levaram-no a Jerusalém, para apresentá-Lo ao Senhor (conforme está escrito na lei do Senhor: Todo primogênito será consagrado ao Senhor), e para oferecerem um sacrifício segundo o disposto na lei do Senhor: um par de rolas, ou dois pombinhos.” Lucas 2:22-24.
VI – A VINDA DOS MAGOS
A Bíblia não declara quantos magos eram, nem que eram reis. Sabe-se que eram sábios, estudiosos das profecias e de astronomia.
A partir do momento em que viram a estrela no oriente, os magos partiram para encontrar o rei Jesus:
“E, tendo nascido Jesus em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém, e perguntaram: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos a adorá-lo.” Mateus 2:1-2.
Em Jerusalém houve grande perturbação. Herodes e as autoridades religiosas juntaram-se para descobrir onde e quando haveria de nascer o Messias:
“E o rei Herodes, ouvindo isso, perturbou-se, e toda a Jerusalém com ele. E, congregados todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo. E eles lhe disseram: Em Belém da Judéia, porque assim está escrito pelo profeta: E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá, porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o Meu povo de Israel. Então, Herodes, chamando secretamente os magos, inquiriu exatamente deles acerca do tempo em que a estrela lhes aparecera. E, enviando-os a Belém, disse: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino, e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore.” Mateus 2:3-8.
No livro “Jesus e Sua Época”, pp. 30-31, impresso pela Seleções do Reader’s Digest, a conclusão dos historiadores harmoniza-se com o relato bíblico:
“O nascimento de um novo rei dos judeus representava uma evidente ameaça a Herodes. Mais um vez o reino desse tirano se expusera ao perigo de uma repentina e trágica queda por causa das conjurações palacianas e dos atentados tramados contra sua vida. ...Secretamente, Herodes convocou os magos para interrogá-los. Ficou sabendo, assim, que o insólito “astro” havia aparecido pela primeira vez uns dois anos antes”. (Grifo nosso)
Do relato de Lucas, extraímos algumas particularidades desse evento:
“E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela que tinham visto no Oriente ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. E, vendo eles a estrela, alegraram-se muito com grande júbilo. E, entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, lhe ofertaram dádivas: ouro, incenso e mirra.” Mateus 2:9-11.
Observem que os magos encontraram apenas o menino Jesus e sua mãe em casa. Estes não estavam mais na estrebaria. Com base nesta informação, conclui-se que os magos foram visitar Jesus bem mais tarde, ou seja, aproximadamente dois anos depois de Seu nascimento. É totalmente falso o quadro apresentado pelo cristianismo, de que os pastores estiveram com os magos na estrebaria e Jesus, recém nascido, deitado numa manjedoura.
VII – HERODES PROCURA MATAR O MENINO
“Ora, sendo por divina revelação avisados em sonhos para não voltarem a Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.” Mateus 2:12.
“Então, Herodes, vendo que tinha sido iludido pelos magos, irritou-se muito e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e em todos os seus contornos, de dois anos para baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos.” Mateus 2:16.
Baseado na informação dos magos, Herodes agiu. Mandou matar os meninos de dois anos para baixo, procurando neste contingente atingir o menino Jesus. Portanto, quando os magos encontraram Jesus, em casa, Ele estava perto da idade de dois anos. Como se pode notar, não se tratava mais de um recém-nascido.
VIII – A FUGA PARA O EGITO
A fúria de Herodes em Belém fracassou no seu objetivo. José, Maria e o menino Jesus escaparam-lhe das mãos, protegidos pelo alerta do anjo:
“E, havendo eles (os magos) se retirado, eis que um anjo do Senhor apareceu a José em sonho, dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito, e ali fica até que eu te fale; porque Herodes há de procurar o menino para o matar. Levantou-se, pois, tomou de noite o menino e sua mãe, e partiu para o Egito, e lá ficaram até a morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito da parte do Senhor pelo profeta: Do Egito chamei o Meu Filho.” Mateus 2:13-15.
IX – A VOLTA PARA NAZARÉ
“Mas tendo morrido Herodes, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonho a José no Egito, dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel; porque já morreram os que procuravam a morte do menino. Então ele se levantou, tomou o menino e sua mãe e foi para a terra de Israel.Ouvindo, porém, que Arquelau reinava na Judéia em lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; mas avisado em sonho por divina revelação, retirou-se para as regiões da Galiléia, e foi habitar numa cidade chamada Nazaré; para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado nazareno.” Mateus 2:19-23.
Segundo a história, Herodes morreu no ano 4 AC e seu filho Arquelau reinou em seu lugar até o ano 6 AD.
X – AFINAL... EM QUE MÊS NASCEU JESUS?
Muitos sinceros cristãos festejam a data de 25 de dezembro como sendo o dia do nascimento de Jesus. No entanto, esta data era celebrada pelos pagãos em honra ao deus–sol:
“Só se começou a comemorar o Natal em 25 de dezembro a partir do século IV. Essa data foi escolhida por razões práticas e simbólicas. No mundo pagão do Império Romano, esse dia assinalava o início das festas mais importantes do ano, as Saturnais, durante as quais a população se permitia todo tipo de excesso. Era também uma data significativa do ponto de vista astronômico: coincidia, na prática, com o solstício de inverno, quando o sol retomava o seu movimento rumo ao zênite, nos meses de verão. Era o dia em que todos podiam conferir a retomada do ciclo das estações e ter a certeza de uma nova vida, destinada a desabrochar depois da morte simbólica e real do inverno.” Jesus e Sua Época, p. 26 – Livro impresso por Seleções do Reader’s Digest.
Não sendo 25 de dezembro, quando então seria a data aproximada do nascimento do Senhor Jesus? A Bíblia fornece-nos várias pistas com muitos detalhes; basta estar atento. Em primeiro lugar temos que descobrir quando ocorreu o nascimento de João Batista:
1. Nascimento de João Batista
Zacarias, pai de João Batista, era sacerdote da ordem de Abias:
“Existiu, no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote, chamado Zacarias, da ordem de Abias, e cuja mulher era das filhas de Arão; o nome dela era Isabel.” Lucas 1:5.
O ponto de partida para obtermos a data aproximada do nascimento de Jesus é entendermos o que significava a “ordem de Abias”.
A definição da ordem de cada turma foi feita pelo profeta Davi, quando dividiu o ano sagrado dos hebreus em 24 turnos ou quinzenas. Assim, foram escolhidos os maiorais de cada turma para dirigirem os serviços do santuário. Por ser quinzenal, duas turmas exerciam suas atividades no santuário em cada mês do calendário hebraico. O registro bíblico das primeiras 24 turmas encontramos em I Crônicas 24:
“E Davi os repartiu, como também a Zadoque, dos filhos de Eleazar, e a Aimeleque, dos filhos de Itamar, segundo o seu ofício no seu ministério. ...E os repartiram por sortes, uns com os outros; porque houve maiorais do santuário e maiorais da Casa de Deus, assim dentre os filhos de Eleazar, como dentre os filhos de Itamar. ...E saiu a primeira sorte a Jeoiaribe, a segunda a Jedaias; ...a sétima a Hacoz; a oitava a Abias; ...a vigésima terceira a Delaías; a vigésima quarta a Maazias.” I Crônicas 24:3, 5, 7, 10 e 18.
Devemos observar aqui que, a oitava quinzena, dentro do ano sagrado dos hebreus, cabia ao turno de Abias. Esta quinzena correspondia à segunda metade do mês de Tamuz (quarto mês do calendário hebraico). Nesta quinzena, Zacarias, o pai de João Batista, deveria prestar os serviços.
A Palavra de Deus nos relata que Zacarias cumpriu os serviços no templo de acordo com sua ordem. Ele é avisado pelo anjo que sua esposa, Isabel, ficaria grávida:
“Existiu, no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote, chamado Zacarias, da ordem de Abias, e cuja mulher era das filhas de Arão; o nome dela era Isabel....E aconteceu que, exercendo ele o sacerdócio diante de Deus, na ordem da sua turma, ... Então, um anjo do Senhor lhe apareceu, posto em pé, à direita do altar do incenso.E Zacarias, vendo-o, turbou-se, e caiu temor sobre ele. Mas o anjo lhe disse: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João.” Lucas 1:5, 8, 11-13.
Zacarias voltou para casa, após terminar seus trabalhos no templo e só então a sua esposa concebeu:
“Sucedeu que, terminados os dias de seu ministério, voltou para casa. Passados esses dias, Isabel, sua mulher, concebeu e ocultou-se por cinco meses,...” Lucas 1:23-24.
De acordo com esses dados, Isabel concebe no final do quarto mês do calendário hebraico (Tamuz). Calculando nove meses, o nascimento de João Batista ocorreu em fins do primeiro mês do calendário hebraico (Nisã ou Abib).
b) Nascimento do Senhor Jesus
Maria recebeu o aviso de sua gravidez pelo anjo Gabriel. Nesta ocasião, sua prima Isabel estava no sexto mês de gestação (final do 10o. mês do calendário hebraico, chamado Tebete):
“No sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado, da parte de Deus, para uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem chamava-se Maria. ...Mas o anjo lhe disse: Maria, não temas; porque achaste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim. Então, disse Maria ao anjo: Como será isto, pois não tenho relação com homem algum? ...E Isabel, tua parenta, igualmente concebeu um filho na sua velhice, sendo este já o sexto mês para aquela que diziam ser estéril.” Lucas 1: 26-27, 30-34, 36.
Maria esteve com Isabel durante os últimos três meses da gravidez de sua prima:
“Naqueles dias, dispondo-se Maria, foi apressadamente à região montanhosa, a uma cidade de Judá, entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Ouvindo esta a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre; então, Isabel ficou possuída do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre! E de onde me provém que me venha visitar a mãe do meu Senhor? ...Maria permaneceu cerca de três meses com Isabel e voltou para casa. Ora, completou-se a o tempo de dar à luz, e teve um filho. Ouviram os seus vizinhos e parentes que o Senhor usara de grande misericórdia para com ela e participaram do seu regozijo.” Lucas 1:39-43, 56-59.
Seis meses depois do nascimento de João Batista, no final do sétimo mês do calendário hebraico, chamado Etanim, que é outubro pelo calendário atual, nasceu Jesus.
XI – 25 DE DEZEMBRO – UMA TRADIÇÃO PAGÃ
Sobre a celebração do “natal”, a Enciclopédia Barsa, também conhecida como Enciclopédia Britânica, escreve o seguinte:
“O dia 25 de dezembro aparece pela primeira vez no calendário de Philocalus (354). No ano 245, o teólogo Orígenes repudiava a idéia de se festejar o nascimento de Cristo ‘como se fosse ele um faraó’. A data atual foi fixada no ano de 440, a fim de cristianizar grandes festas pagãs realizadas neste dia: a festa mitraica (religião persa que rivalizava com o cristianismo nos primeiros séculos), que celebrava o natalis invicti Solis (Nascimento do Vitorioso Sol) e várias outras festividades decorrentes do solstício do inverno, como a Saturnalia em Roma e os cultos solares entre os celtas e os germânicos.” Enciclopédia Barsa, volume 9, p. 439. (grifo nosso)
Os defensores do cristianismo estão cultuando o deus-sol, ao festejarem a data de seu nascimento em 25 de dezembro. O cristianismo também absorveu do paganismo o culto semanal ao deus-sol. Instituído por decreto em 321 AD, o domingo foi oficializado como dia santo, venerável ao deus sol:
“Em 321, Constantino oficializou o domingo como dia santo e pôs em vigor aquilo que poderia chamar-se as primeiras leis do mundo sobre moral pública. Proclamava o edito: ‘Todos os juízes, pessoas da cidade e artesãos devem descansar no dia venerável ao Sol. ...’ Apesar do edito, muitos cristãos mantiveram a antiqüíssima prática de observarem também o sabbat (sábado) judaico até a década de 360, quando a Igreja o proibiu.” Depois de Jesus o Triunfo do Cristianismo, p. 239 – Livro impresso pela Seleções do Reader’s Digest.
O imperador romano Constantino, considerado o “paladino do cristianismo”, atribuiu suas vitórias ao ‘deus-Sol Invictus’. Antes de se converter ao cristianismo ele era o ‘pontifex maximus’ (sumo sacerdote) da religião pagã.
Essa exaltação ao deus sol pelo cristianismo, reporta-nos a uma terrível experiência de alguns líderes da casa de Israel:
“Então, me disse: Viste, filho do homem, o que os anciãos da casa de Israel fazem nas trevas, cada um nas suas câmaras pintadas de imagens? E eles dizem: O Senhor não nos vê, o Senhor abandonou a terra. E disse-me: Tornarás a ver ainda maiores abominações do que as que estes fazem. E levou-me à entrada da porta da Casa do Senhor, que está da banda do norte, e eis que estavam ali mulheres assentadas chorando por Tamuz. E disse-me: Viste, filho do homem? Verá ainda abominações maiores do que estas. E levou-me para o átrio interior da Casa do Senhor, e eis que estavam à entrada do templo do Senhor, entre o pórtico e o altar, cerca de vinte e cinco homens, de costas para o templo do Senhor e com o rosto para oriente; e eles adoravam o sol, virados para o oriente.” Ezequiel 8:12-16.
E quanto à árvore de natal? Considerada como sendo um símbolo da vida, a árvore de natal é uma tradição muito mais antiga do que o cristianismo e não é um costume exclusivo de nenhuma religião em particular.
Os romanos já enfeitavam suas casas com pinheiros durante a Saturnália, um festival de inverno em homenagem a Saturno, o deus da agricultura.
A árvore de natal, conhecida nas regiões nórdicas por sempre-vivas, tem sua origem nas tribos celtas e teutônicas. Eram honradas por essas tribos pagãs quando do solstício de inverno realizavam festas para celebrar a vida eterna. Pelo fato de os pinheirinhos suportarem o rigoroso inverno sem perderem as folhas, essas árvores eram adoradas como sendo uma promessa do retorno do deus Sol. A árvore de natal é em outras palavras um símbolo da imortalidade da alma, uma crença pagã defendida por muitos segmentos religiosos.
Portanto, colocar uma árvore de natal dentro de casa ou na igreja é uma tradição pagã. Nada tem a ver com o nascimento de nosso Senhor Jesus. Como também nada tem a ver a figura do Papai Noel. É paganismo disfarçado de cristianismo.
XII – CONCLUSÃO
Analisando o assunto sob uma correta perspectiva, muitas dúvidas são solucionadas. As narrativas de Mateus e Lucas sobre o nascimento de Jesus completam-se e há total harmonia entre ambos. Nem sempre os episódios e pormenores referidos por um, é mencionado pelo outro. Considerados em conjunto, combinam-se e servem para enriquecer a compreensão do texto sagrado.
O relato é majestoso em todos os detalhes. Podemos citar como exemplo o anúncio aos pastores que estavam no campo guardando o seu rebanho durante as vigílias da noite. Não foi por um acaso que Deus anunciou primeiramente a eles o nascimento do Messias. Os pastores de ovelhas de Belém desempenharam um papel significativo na história de Jesus. Eles simbolizam o afetuoso cuidado que o Messias passaria a ter pelos homens durante Seu ministério. Jesus, quando adulto, se definiu como “bom Pastor”, consciente de que todos na Palestina compreenderiam a ligação de afeto e de confiança recíproca que se estabelece entre o pastor e as suas ovelhas.
Deus profetizou na Sua Palavra que suscitaria um Pastor para apascentar as Suas ovelhas. Isto quer dizer que não seria o próprio Deus o pastor que iria apascentá-las. O profeta Ezequiel enfatiza o cuidado de Deus para com as Suas ovelhas nas seguintes palavras:
“Por isso o Senhor Deus assim lhes diz: ... Suscitarei sobre elas um só pastor para as apascentar, o Meu servo Davi, Ele as apascentará, e lhes servirá de pastor. E eu, o Senhor, serei o seu Deus, e o Meu servo Davi será príncipe no meio delas; Eu, o Senhor, o disse.” Ezequiel 34:20, 23-24.
O profeta Ezequiel, quando mencionou o nome de Davi, não se referiu ao profeta Davi, mas à Jesus, o Filho unigênito de Deus, que viria e Se identificaria como o mais destacado dos descendentes da linhagem do profeta Davi. Explica-se o fato, pois a atividade profética de Ezequiel estendeu-se de 597 AC até 574 AC, enquanto que a do profeta Davi deu-se muito antes, por volta do ano 1.000 AC.