A Primeira Vinda Do Messias

Jesus – O Prometido Messias (Parte III)

Na verdade são duas as vindas do Messias preditas pelos profetas de Deus. Ambas as representações se contemplam, na verdade, em uma só pessoa. A vinda dupla do Messias é uma crença genuinamente judaica, podendo ser provada nos escritos dos profetas.

A primeira fase de Sua vinda foi prevista pelo profeta Daniel e está relatada em Daniel 9:24-27, que anuncia a vinda do Messias e Seu sacrifício expiatório, que deu fim ao antigo sistema araônico de purificação dos pecados. O profeta Daniel começa expondo o assunto da seguinte maneira:

“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade...” Daniel 9:24.

Setenta semanas são 490 anos proféticos, e contando um dia profético como um ano (Números 14:34 e Ezequiel 4:6), a contagem perfaz um período de 490 anos literais.

O ponto de partida para a contagem das setenta semanas foi dado a conhecer pelo profeta Daniel:

“Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém...” Daniel 9:25 (primeira parte).

A ordem para restaurar e para edificar Jerusalém deu-se através o decreto de Artaxerxes, rei da Pérsia, em 457 AC.

Segundo essa profecia, as primeiras 69 semanas (7+62=69), ou 483 anos proféticos (69 x 7= 483), deviam chegar até ao Messias, o Príncipe:

“Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, sete semanas, e sessenta e duas semanas;...” Daniel 9:25.

A profecia cumpriu-se com exatidão. As 69 semanas (483 anos) deviam chegar ao ano do batismo de Jesus, ocorrido em 27 AD – (457AC + 483 anos = 27 AD).

No final dos 483 anos, em 27 AD, restavam ainda uma semana, ou sete anos dos 490. A profecia determinava que algo deveria acontecer na metade daquela última semana profética:

“Ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares.” Daniel 9:27.

Como as sessenta e nova semanas terminaram nos fins de 27 AD, a metade da septuagésima semana ou os três anos e meio, terminariam perto do meado de 31 AD com a morte do Messias e por Sua morte fez cessar, ou pôs fim aos sacrifícios e oblações do santuário terrestre. Mais três anos e meio (a última parte da septuagésima semana) terminaria perto do fim de 34 AD. Assim, mesmo após a morte e ascensão do Senhor, o Evangelho ainda seguiu, por três anos e meio, sendo pregado somente a Israel. Era mister cumprir os 3,5 anos restantes e concluir-se a septuagésima semana. Após o martírio de Estevão (34 AD), a Congregação fundada por Jesus dispersou-se de Jerusalém e na pessoa de Cornélio, encerrou-se o ministério de pregação exclusiva aos judeus. (ver Atos 8:1-4; 11:18-19 e 13:46-48).

Entendemos que a profecia das 70 semanas (490 anos) tinha como objetivo identificar a missão final do Messias na Sua primeira vinda e fazer conhecer ao povo de Israel sobre o tempo exato do início de Seu ministério. É uma profecia totalmente cumprida e concluída nos dias apostólicos.

Os principais fatos previstos na profecia:


a) Extinguiria a transgressão

“Setenta semanas estão decretadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade para fazer cessar a transgressão,...” Daniel 9:24.

Ao morrer, Jesus disse: “Está consumado”. João 19:30. Nenhum sacrifício futuro poderia acabar com a transgressão; ela acabou no Calvário:

“E por isso é mediador de um novo pacto, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões cometidas debaixo do primeiro pacto, os chamados recebam a promessa da herança eterna.” Hebreus 9:15.

“Mas Ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” Isaías 53:5.


b) Daria fim aos pecados

“...para dar fim aos pecados, ...” Daniel 9:24.

Jesus é o Cordeiro de Deus que “tira o pecado do mundo” (João 1:29 e I João 3:5). Ele veio para salvar o Seu povo de seus pecados:

“Ela dará à luz um filho, a quem chamarás Jesus: porque Ele salvará o Seu povo dos seus pecados.” Mateus 1:21.

“De outra forma, necessário Lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas Se manifestou para aniquilar o pecado pelo sacrifício de Si mesmo.” Hebreus 9:26.

Sacrifícios de animais não podiam tirar pecados, mas Ele ofereceu um único sacrifício para sempre (Hebreus 10:4-17). Levou sobre Si nossos pecados:

“Levando Ele mesmo os nossos pecados em Seu corpo sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.” I Pedro 2:24.

Todos os pecados dos filhos de Deus, tanto os passados, os presentes, ou os futuros, foram tirados quando Ele morreu no madeiro.


c) Expiaria a iniqüidade

“...e para expiar a iniqüidade, ...” Daniel 9:24.

Jesus, nosso Sumo Sacerdote, por Sua morte expiou os nossos pecados, reconciliando-nos com Deus:

“Pelo que convinha que em tudo fosse feito semelhante a seus irmãos, para se tornar um sumo sacerdote misericordioso e fiel nas coisas concernentes a Deus, a fim de fazer propiciação pelos pecados do povo.” Hebreus 2:17.

“Que Se deu a Si mesmo por nós para nos remir de toda iniqüidade, e purificar para si um povo todo Seu, zeloso de boas obras.” Tito 2:14.

Essa expiação foi completada na cruz, nada deixando para o futuro.

d) Traria a justiça eterna

“...e trazer a justiça eterna, ...” Daniel 9:24.

Jesus veio para cumprir toda a justiça, e por Seu sangue nos justificou com uma eterna redenção:

“E não pelo sangue de bodes e novilhos, mas por Seu próprio sangue, entrou uma vez por todas no santíssimo, havendo obtido uma eterna redenção.” Hebreus 9:12.

“Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção.” I Coríntios 1:30.

“Levando Ele mesmo os nossos pecados em Seu corpo sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.” I Pedro 2:24.

e) Selaria a visão e a profecia

“...e selar a visão e a profecia, ...” Daniel 9:24.

Selar no caso diz respeito a confirmar a veracidade do profeta e da profecia (ver I Reis 21:8; Jeremias 32:10)

Jesus selou a profecia, cumprindo o que nela estava escrito:

“Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os Seus profetas havia anunciado que o Seu Ungido havia de padecer.” Atos 3:18.

“Depois lhes disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco, que importava que se cumprisse tudo o que de Mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos.” Lucas 24:44.


f) O Santo dos Santos seria ungido

“...e para ungir o santíssimo.” Daniel 9:24.

O Santo dos Santos, a parte mais sagrada do templo, era vedado aos sacerdotes. Lá, Deus Se fazia presente. Somente o sumo sacerdote, uma vez ao ano, após purificação, podia ali se apresentar. Jesus ali penetrou, após um sacrifício pleno, perfeito e definitivo. Abriu caminho, rasgando o véu da separação, permitindo que nosso louvor chegasse ao Altíssimo.

Jesus ungiu o Santo dos Santos e purificou-o com o Seu sangue:

“Tendo pois, irmãos, ousadia para entrarmos no Santíssimo lugar, pelo sangue de Jesus, pelo caminho que Ele nos inaugurou, caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da Sua carne.” Hebreus 10:19-20.

“A qual temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até o interior do véu; aonde Jesus, como precursor, entrou por nós, feito Sumo Sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.” Hebreus 6:19-20.

“E eis que o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo; a terra tremeu, as pedras se fenderam.” Mateus 27:51.


g) Firmaria um concerto

“E Ele fará um pacto firme com muitos...” Daniel 9:27.

Jesus, pelo Seu sangue estabeleceu um concerto ou pacto eterno, o novo testamento, sendo Ele, nosso Mediador:

“Pois isto é o Meu sangue, o sangue do pacto, o qual é derramado por muitos para remissão dos pecados.” Mateus 26:28.

“E a Jesus, o Mediador de um novo pacto, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel.” Hebreus 12:24.

“Ora, o Deus de paz, que pelo sangue do pacto eterno tornou a trazer dentre os mortos a nosso Senhor Jesus, grande pastor das ovelhas.” Hebreus 13:20.


h) Cessaria o sacrifício e a oferta de manjares

“...e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; ...” Daniel 9:27.

Os sacrifícios do antigo pacto representavam um tipo do sacrifício final de Cristo e cumpriram-se nEle.

Após o Calvário, não resta mais sacrifícios pelos pecados:

“É nessa vontade dele que temos sido santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez para sempre. ...Ora, onde há remissão destes, não há mais oferta pelo pecado.” Hebreus 10:10 e 18.

“Assim também Cristo, oferecendo-Se uma só vez para levar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que O esperam para salvação.” Hebreus 9:28.

Embora os judeus ainda os fizessem, não mais tinham valor perante Deus. Jesus cumpriu literalmente esta palavra, morrendo numa quarta-feira e após três anos e meio de ministério. Metade da semana de dias e de anos. O tempo da morte de Jesus estava determinado:

“Procuravam, pois, prendê-Lo; mas ninguém Lhe deitou as mãos, porque ainda não era chegada a Sua hora.” João 7:30.

“Então voltou para os discípulos e disse-lhes: Dormi agora e descansai. Eis que é chegada a hora, e o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.” Mateus 26:45.

Ao iniciar Seu ministério, Jesus determinou que se pregasse somente aos de Israel; o convênio era com o povo de Israel:

“Respondeu-lhes Ele: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.” Mateus 15:24.

“A estes doze enviou Jesus, e ordenou-lhes dizendo: Não ireis aos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel.” Mateus 10:5-6.



i) O Messias seria tirado

“E depois de sessenta e duas semanas será cortado o Ungido, e nada Lhe subsistirá; ...” Daniel 9:26.

Se o Messias seria tirado depois das sessenta e duas semanas, só existe uma semana profética em que isto podia ocorrer: a septuagésima.

A palavra “tirado” prova que o Messias não teria morte natural. Jesus preencheu plenamente a profecia (Isaías 53:8).


j) Destruição de Jerusalém e do templo

“...e o povo do príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até o fim haverá guerra; estão determinadas assolações.” Daniel 9:26.

Depois de tirado o Messias Jesus, o povo de um príncipe viria para destruir Jerusalém e o santuário. Que povo e que príncipe é este e quando viriam?

No ano 70 AD, os exércitos romanos, sob o comando de Tito invadiram, destruíram e tomaram Jerusalém e o templo. O Mestre mesmo falou da invasão e assolações causadas pelos gentios e da fuga dos judeus:

“Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação. Então os que estiverem na Judéia fujam para os montes; os que estiverem dentro da cidade, saiam; e os que estiverem nos campos não entrem nela. Porque dias de vingança são estes, para se cumpram todas as coisas que estão escritas. Ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias. Porque haverá grande angústia sobre a terra, e ira contra este povo. E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos destes se completem.” Lucas 21:20-24.

Resumindo, a primeira vinda retrata um Messias sofredor, cem por cento homem, com intuito de preparar Seu povo para a redenção final.